Naquele dia por algum motivo
apenas quatro pessoas compareceram ao Culto de Oração.
Uma frequência bem pequena. Assim
como no Culto Matutino, nas consagrações, círculos de oração, é quase sempre
assim. Na verdade Deus chama a todos nós para orarmos sempre. Mas reserva momentos momentos especiais quando apenas uns poucos chamados são agraciados com Sua revelação.
Deus não tem prediletos, mas tem chamado
cada em particular para se revelar de maneira pessoal, especial e única. Este
grau de intimidade também depende do quanto nos aproximamos Dele, queremos
estar com Ele, oramos, meditamos em Sua palavra e, acima de tudo, O amamos.
Aquele culto aconteceu em um
monte, mas poderia ser em casa, no templo, pois qualquer lugar é lugar para
buscar ao Senhor. O dirigente do culto, Jesus Cristo, convida mais três, Pedro
Tiago e João, para se reunirem em oração:
E aconteceu que, quase oito dias
depois destas palavras, [Jesus] tomou consigo a Pedro, a João e a Tiago, e
subiu ao monte a orar. Lucas 9:28.
Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e
a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte. Mateus 17:1
Começaram a vigília quando em meio à oração algo
sobrenatural ocorreu:
E, estando ele orando, transfigurou-se a aparência do seu
rosto [de Jesus], e a sua roupa ficou branca e mui resplandecente. Lucas 9:29
A razão daquela reunião era a busca ao Senhor. A resposta de
Deus em sua muliforme graça foi se revelar de maneira sobrenatural em meio a um
singelo momento de oração, sem programação humana, sem manipulação, sem a
intenção de buscar uma experiência mística. Os apóstolos não foram buscar esta
manifestação, mas foram assim agraciados.
Jesus se revela, em uma espécie
de metamorfose, como o Deus verdadeiro na plenitude da Sua glória da qual se
esvaziou tomando forma de homem para viver como um de nós, sem jactanciar-se de
que era o filho de Deus, mas humilhou-se a si mesmo tomando forma de homem e
sendo obediente até a morte e morte de cruz. (Filipenses 2.8)
E eis que estavam falando com ele dois homens, que eram
Moisés e Elias, os quais apareceram com glória, e falavam da sua morte, a qual
havia de cumprir-se em Jerusalém.
Um ponto de difícil interpretação surge nesta narrativa.
Quem seriam de fato aquelas personagens? O próprio Elias, Moisés, seres
angelicais, ou um tipo?
A teologia nos ensina que a interpretação bíblica pode ser
literal, direta ou figurada, alegórica. Quando Jesus disse “Eu sou a porta”
notadamente ele falava de maneira figurada. Assim dentro do sentido deste
texto, a maioria dos estudiosos apontam para estas duas figuras de Elias e Moises
como um exemplo de tipologia bíblica.
Moisés seria um tipo representando a antiga aliança, o
Antigo Testamento; e Elias representa os profetas. Ambos, a lei e os profetas apontavam sempre
para o Messias:
“Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo
o testemunho da lei e dos profetas; Isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus
Cristo para todos e sobre todos os que crêem; porque não há diferença.” Romanos
3:21-22
Não se pode portanto desta maneira usar este trecho
isolado como prova da reencarnação ou da oração pelos mortos.
O tema central deste diálogo apontava
para a iminente partida do Senhor. Tão significativo quanto a visão da glória de
Cristo era o atentar para a mensagem do diálogo entre os personagens que
tratavam da perspectiva do porvir. Assim Jesus estaria cumprindo, consumando de
maneira plena a sua missão na terra.
Hoje, o foco principal da Igreja em sua mensagem e em todas
as suas reuniões deve ser o encorajar, alertar e relembrar que o Senhor morreu,
ressuscitou e vai voltar. O foco da Igreja é anunciar a bendita esperança da
volta do mestre. E assim viver com esta esperança.
E aconteceu que, quando aqueles se apartaram dele, disse
Pedro a Jesus: Mestre, bom é que nós estejamos aqui, e façamos três tendas: uma
para ti, uma para Moisés, e uma para Elias, não sabendo o que dizia.
Tem cultos nos quais que sentimos de tal forma a presença do
Senhor de modo sobrenatural, de modo extático, na manifestação de dons,
profecias, palavra revelada, cânticos ungidos, enfim, um mover do Espírito tal
que ficamos extasiados a ponto de nos sentirmos flutuando. Estes momentos
particulares nos alegram de tal modo que desejamos que nunca se acabem. Foi o que ocorreu com os três amigos de Cristo. Pedro,
contagiado com a manifestação da glória de Deu,s adorou ao Senhor dizendo que
seria bom que permanecerem ali.
Mas aquele era um momento particular, um momento de
revelação singular, não uma rotina, mas uma manifestação divina apontando para
o alerta de que precisamos ter como foco principal o atentar, o ouvir a Palavra
do Senhor:
E, dizendo ele isto, veio uma nuvem que os cobriu com a sua
sombra; e, entrando eles na nuvem, temeram. E saiu da nuvem uma voz que dizia:
Este é o meu amado Filho; a ele ouvi.
Acima da revelação sobrenatural está a necessidade de ouvir
a voz do Senhor. Obedecer a sua Palavra.
Aqui cabe lembrarmos que somos pentecostais e como tal
cremos nas manifestações sobrenaturais do Senhor em Sua Igreja através da ação
do Espírito Santo.
Com o passar do tempo talvez por falta de uma formação
bíblica mais sólida, para alguns a inclinação para o sobrenatural foi tomando a primazia em
lugar da Palavra. As reuniões nas casas
e nos montes foram se tornando mais importantes do que a oração na igreja, o estudo
sistemático da palavra na EBD, o atentar ao ensino doutrinário do pastor.
Por outro lado, talvez com base na preocupação com a
multiplicação das práticas consideradas “meninice”, a Igreja por sua vez
incorreu em outro perigo. Limitar ou mesmo proibir a prática sincera da
manifestação de suas revelações, profecias, e assim o culto pentecostal corre o
perigo de ter uma liturgia engessada, sem espaço para o operar pleno do
Espírito.
Estes são dois extremos que precisam ser evitados. Mas o
Espírito faz como quer e Ele ainda opera de maneira sobrenatural em nosso meio.
Outro motivo para não ficarem para sempre no monte é que a
obra na terra em favor dos homens ainda precisava continuar. Enquanto Pedro,
Tiago e João estavam no monte, os outros discípulos enfrentavam a luta para
libertar um jovem endemoninhado.
Os momentos de manifestação da glória de Deus nos servem
para estarmos atentos para o que o Senhor nos fala a respeito do que fazermos
em Sua obra. Quando desceram do monte da revelação se defrontaram com a dura
realidade da vida.
Tem gente
escravizada, precisando de Jesus, o Deus da glória que se revela em nossas
vidas. Com objetivo não de atender a um desejo egoísta de um contato
sobrenatural com Deus, mas como uma prova de que em nome do Senhor cheio da
glória, vindo do céu, podemos libertar os cativos, curar os enfermos e
proclamar o evangelho da salvação.
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