João Ribeiro
O
tema deste estudo trata da influência danosa da cobiça na vida de um homem,
Acabe, que levou à morte Nabal, um homem que defendeu o bem que tinha de mais
precioso, a sua vinha.
Cobiça
- conforme o dicionário Michaelis, eis a
definição de cobiça:
Sf (lat cupiditia) 1 Desejo
veemente de conseguir alguma coisa. 2 Ânsia ou ambição de honras ou riquezas. 3
Avidez. 4 Concupiscência. (Michaelis)
A
cobiça é um sentimento perverso que leva o ser humano a desejar possuir algo
que não pode ter. Não necessariamente algo de valor material significativo, mas
algo que simplesmente não pode lhe pertencer. Um simples lápis, uma gravata, um
amigo de outro, um cargo ou posição, enfim, algo tangível ou intangível que alguém não
tem o direito de possuir ou acessar.
Este
sentimento tem origem no príncipe das trevas que pecou por cobiçar o trono de
Deus.
Inicialmente
um sentimento de soberba dominou o coração do então querubim ungido devido à
sua alta posição nos céus e sua formosura sem par:
Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te
estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas
andavas. ... Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a
tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, diante dos reis
te pus, para que olhem para ti. Ezequiel 28:14,17
Em
seguida, achando-se o tal, foi dominado pelo desejo tresloucado da cobiça pelo
poder, querendo usurpar o trono de Deus:
Como caíste desde o céu, ó estrela da manhã,
filha da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu
dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei
o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte.
Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. E contudo
levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo. Isaías 14:12-15
Movido
então pela cobiça, e não podendo influenciar no reino dos céus, volta sua
artilharia agora para tentar roubar, matar e destruir, atacar o esplendor da
criação de Deus, o homem. Para isso seduz o casal e os leva a pecar. Cedendo, o
homem agora ficou sujeito ao pecado.
Uma
das formas de expressão do pecado é a cobiça, o mesmo sentimento que
levou o inimigo a cair, tal sentimento que domina agora o coração de muitos, o
mesmo que dominou o coração do rei Acabe.
O
OBJETO DA COBIÇA
Acabe
possuía um segundo palácio real, uma residência de campo no lugarejo chamado
Jezreel. Ao lado da sua casa em Jezreel havia uma vinha de um homem fiel a Deus
por nome Nabote. Este era o alvo da cobiça de Acabe. Possuir as terras do seu
vizinho para transformá-la em horta.
O
intuito cobiçoso de Acabe era grave por conta da falta de observância do rei
quanto às regras divinas de possessão da terra. A Lei do Senhor estabelecia a
garantia da posse da terra por herança de pai para filho em cada tribo e sua
venda somente em último caso, como a pobreza absoluta, situação pela qual
aparentemente não Nabote passava:
Também a terra não se venderá em perpetuidade,
porque a terra é minha; pois vós sois estrangeiros e peregrinos comigo.
Portanto em toda a terra da vossa possessão dareis resgate à terra. Quando teu
irmão empobrecer e vender alguma parte da sua possessão, então virá o seu
resgatador, seu parente, e resgatará o que vendeu seu irmão. E se alguém não
tiver resgatador, porém conseguir o suficiente para o seu resgate, Então
contará os anos desde a sua venda, e o que ficar restituirá ao homem a quem a
vendeu, e tornará à sua possessão. Mas se não conseguir o suficiente para
restituí-la, então a que foi vendida ficará na mão do comprador até ao ano do
jubileu; porém no ano do jubileu sairá, e ele tornará à sua possessão. Levítico
25:23-28
Assim a herança dos filhos de Israel não passará
de tribo em tribo; pois os filhos de Israel se chegarão cada um à herança da
tribo de seus pais. E qualquer filha que herdar alguma herança das tribos dos
filhos de Israel se casará com alguém da família da tribo de seu pai; para que
os filhos de Israel possuam cada um a herança de seus pais. Assim a herança não
passará de uma tribo a outra; pois as tribos dos filhos de Israel se chegarão
cada uma à sua herança. Números 36:7-9
Ciente
disto, Nabote não quis negociar com o sagrado. O direito de posse das terras
entre os israelitas era um direito transmitido de pai para filho para garantir
a sobrevivência da família. Aquele que deveria zelar pelo cumprimento da lei do
Senhor entre o povo, o rei Acabe, tentara transgredi-la. O resultado final da
sua inclinação à cobiça foi triste.
O
sagrado é inegociável. Fazer do sagrado objeto de lucro fez Jesus tomar do
azorrague e expulsar os cambistas do templo:
Depois disto desceu a Cafarnaum, ele, e sua mãe,
e seus irmãos, e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias. E estava próxima a páscoa dos judeus, e
Jesus subiu a Jerusalém. E achou no
templo os que vendiam bois, e ovelhas, e pombos, e os cambiadores assentados.E
tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo, também os
bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e derribou as mesas; E
disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes, e não façais da casa de meu
Pai casa de venda. E os seus discípulos
lembraram-se do que está escrito: O zelo da tua casa me devorará. João 2.13 a
17.
A VINHA
Acabe
queria expandir os seus domínios sobre as terras de Nabote com o intuito de
fazer desta uma horta. Ali estaria se desconfigurando o papel das terras de
Nabote. O dicionário VINE alerta para o fato de que a transferência da
propriedade da vinha para outrem era considerado julgamento de Deus. Aquele era
o lugar de Nabote cultivar a sua vinha, manter a herança dos filhos, e disto
ele não abriu mão.
O
profeta Isaías descreveu com detalhes como ocorria a instalação de uma vinha e
sua identificação com Deus e seu povo:
Agora cantarei ao meu amado o cântico do meu
querido a respeito da sua vinha. O meu amado tem uma vinha num outeiro fértil.
E cercou-a, e limpando-a das pedras, plantou-a de excelentes vides; e edificou
no meio dela uma torre, e também construiu nela um lagar; e esperava que desse
uvas boas, porém deu uvas bravas. Agora, pois, ó moradores de Jerusalém, e
homens de Judá, julgai, vos peço, entre mim e a minha vinha. Que mais se podia
fazer à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? Por que, esperando eu que
desse uvas boas, veio a dar uvas bravas? Agora, pois, vos farei saber o que eu
hei de fazer à minha vinha: tirarei a sua sebe, para que sirva de pasto;
derrubarei a sua parede, para que seja pisada; E a tornarei em deserto; não
será podada nem cavada; porém crescerão nela sarças e espinheiros; e às nuvens
darei ordem que não derramem chuva sobre ela. Porque a vinha do SENHOR dos
Exércitos é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta das suas
delícias; e esperou que exercesse juízo, e eis aqui opressão; justiça, e eis
aqui clamor. Isaías 5:1-7
O dicionário VINE
interpreta à luz deste trecho que o profeta fez uma analogia (comparação) com a
vinha (kemer) representando Israel. Também usa a figura da poesia de Cantares
de Salomão para identificar a vinha como representando pessoas (Cantares 1.6)
Com
base nestas ideias iremos traçar um paralelo com o cuidado que precisamos ter
de conservar, cultivar e guardar a nossa vinha em quatro aspectos da nossa
vida: Nós
mesmos, nossa família, e nosso ministério e nossa Igreja.
A VINHA QUE SOMOS NÓS
Tem
cuidado de ti mesmo e da doutrina. Fazendo isto, salvarás tanto a ti mesmo como
aos que ti ouvem. (I Tim 4.16) Assim alertou Paulo ao jovem pastor Timóteo.
O
cultivo de nossa vinha pessoal precisa ser semelhante à vinha agrícola. Primeiramente
é preciso retirar as pedras. Gordon MacDonald em seu livro Ponha Ordem em Seu
Mundo Interior narra o fato de ter comprado uma pequena propriedade. Para
melhor cuidá-la começou a remover as pedras, à exemplo da preparação da vinha
que descreveu Isaías no texto acima. No princípio retirou as maiores e depois,
à medida que o tempo passava, foi buscando outras até chegar às pequenas.
Esta
ilustração se refere a limparmos o nosso coração. Jesus alertou para a
necessidade desta aragem interior:
E dizia: O que sai do homem isso contamina o
homem. Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os
adultérios, as prostituições, os homicídios, Os furtos, a avareza, as maldades,
o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos
estes males procedem de dentro e contaminam o homem. Marcos 7:20-23
A
cobiça sem dúvida é um destes sentimentos perniciosos. Sabedor desta inclinação
do coração humano, o Senhor estabeleceu em sua lei como um dos Dez Mandamentos
o não cobiçar:
Não cobiçarás a casa do teu próximo, não
cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu
boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo. Êxodo 20:17; Deut.
5.21
Jesus
ultrapassou os limites formais da lei e chegou à motivação interior do homem:
“Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar
numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.”
Mateus 5. 28.
O
Perigo do Olhar
Eva
ouviu do Senhor Deus para não comer do fruto da árvore do bem do e do mal.
A
astuta serpente, porém, resolveu atrair a Eva alimentando-lhe a concupiscência,
a cobiça dos olhos:
“Ora, a serpente era mais astuta que todas as
alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É
assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? E disse a mulher
à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, Mas do fruto da árvore
que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis
para que não morrais. Então a serpente disse à mulher: Certamente não
morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os
vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.” Gênesis 3:1-6
A
partir de então parece que se tornou mais importante ver que ouvir. Dizem até
que “uma imagem vale mais do que mil palavras.” No
entanto, afirmo que a Palavra de Deus vale muito mais do que mil imagens.
Eva
não deu crédito à Palavra, a orientação de Deus e assim se deixou levar pelo
que viu e cobiçou:
“E viu a mulher que aquela árvore era boa para se
comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou
do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela. Então
foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas
de figueira, e fizeram para si aventais.” Gênesis 3:6-8
O
segredo do resistir à tentação estava em fazer um pacto com o olhar, a exemplo
de Jó:
“Fiz aliança com os meus olhos; como, pois, os
fixaria numa virgem?” Jó 2.17.
como o Salmista Davi, ele mesmo que sofreu uma terrível experiência de queda
moral por conta de um simples olhar a partir da sacada do palácio real (2
Samuel 11.1-5):
"Não porei coisa má diante dos meus olhos.
Odeio a obra daqueles que se desviam; não se me pegará a mim." Salmo
101.3.
Dando
ouvidos à palavra do Senhor. Priorizando o ouvir a Deus ao invés de olhar com
cobiça as vitrines do mundo sedutor.
GUARDANDO A VINHA DO NOSSO SER
Além
de cultivar a terra precisamos guardá-la com cercas e levantar uma torre de
vigia (Isaías 5.1 e 2).
Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu
coração, porque dele procedem as fontes da vida. Provérbios 4.23.
Precisamos
guardar o nosso coração também da cobiça. Acabe cedeu ao desejo desenfreado e
insano de possuir o que não lhe pertence chegando a cometer um assassinato e
expor sua vida à desgraça entre tantos outros maus feitos.
A
sociedade pós-moderna com seus conceitos e valores, tão relativista,
secularista, materialista, consumista, valoriza o ter, o aqui e agora, a
satisfação do homem como centro do universo. Querendo, desta forma, tirar-nos o
alvo de pensar nas coisas lá do alto, para colocar o coração nas que são aqui
da terra, e assim perdermos a nossa herança nos céus (Colossenses 3:2);
A ditadura do ter em detrimento do ser instituída
na sociedade de consumo esbarra na realidade espiritual confrontada por Cristo:
“Louco, esta noite pedirão a tua alma, e o que tens entesourado para quem será,
de que te servirá?” Lucas 12:20.
O problema se agrava quando se observa a
filosofia do Ter agasalhada na teologia moderna e professada nos púlpitos com
palavras de ordem e slogans que estão mais para produto de campanha de
marketing do que um “Assim diz o Senhor”, mascarando a necessidade do ser, de
um viver santo e irrepreensível diante do Senhor.
Ter milhares e milhares de crentes
evangélicos no rol de membros da denominação ou mesmo em toda uma nação não
representa necessariamente que todos os crentes estejam empenhados primeiramente em buscar o reino dos céus
e assim também ganhar outros para Cristo; precisamos nos prevenir do perigo das
ovelhas se tornarem quem sabe apenas cobiçosos consumidores de bênçãos
materiais: montar a empresa, comprar o apartamento, alcançar a cura.
Vivemos
numa sociedade de consumo e, assim, somos todos os dias estimulados a comprar,
comprar e comprar. Muitas das vezes compramos apenas para aproveitar aquela
promoção relâmpago, aquela promoção do lançamento de um novo produto e por aí
vai.
E
por aí vai o nosso suado dinheirinho que para sair da nossa conta basta alguns
segundo após digitar alguns números do cartão de débito ou crédito. Agora para
entrar na conta custa a eternidade de um mês de trabalho duro.
Assim,
quando esta busca se torna um fim e razão de ser, isto se torna um dogma a ser
combatido a fim de o discípulo voltar a condição de ser simplesmente um crente,
um cristão autêntico, o que não é pouca coisa. Independentemente se a conta
bancária tem muito mais ou muito menos zeros à direita, sendo pobres, mas
enriquecendo a muitos. 2 Coríntios 6:10. E se as vossas riquezas aumentam, não
colocando nelas a confiança. Salmos 62:10
RECONSTRUINDO OS MUROS DA ALMA
"Como a cidade derrubada, sem muros, assim é
o homem que não pode conter o seu espírito.” Provérbios 25:28.
Este
texto faz uma analogia entre uma cidade sem muros e a pessoas sem domínio
próprio. Como encontramos pessoas assim, destemperadas. Falam demais, discutem
demais, brigam, demais, comem demais, brincam demais, pecam demais. Sem
qualquer controle. Semelhantes à uma carreta carrregada sem freios descendo
ladeira em ponto morto, assim perderam o governo de si próprias, tornando-se
desregradas, inconvenientes, jocosas, frívolas, levianas, desmedidas,
imprudentes, cobiçosas, deixando a própria alma sem qualquer segurança, exposta
ao sofrimento em consequência da falta de temperança. São muros derribados que
precisam ser reconstruídos.
É
preciso retomar o controle da situação, tornar-se comandante de si mesmo. O
mesmo livro de Provérbios diz (Prov. 16.32):
“Melhor é o longânimo que o herói da guerra, e o
que domina o seu espírito do que o que toma uma cidade.”
Este
processo de autocontrole precisa ser prioridade em nossas vidas:
“Sobre
tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as
fontes da vida.” Provérbios 4:23.
À
exemplo das vinhas que eram protegidas por cercas, as cidades de antigamente
usavam muros como forma de se protegerem dos ataques e invasões dos seus
inimigos. Jerusalém fora invadida e dominada pelo império babilônico, e teve
seus muros destruídos. Uma desolação, um
sinal de opróbrio, dominação, vergonha. Neemias foi o homem levantado por Deus
para restaurar não apenas os muros, mas a dignidade perdida.
Da
mesma forma precisamos restaurar nossas cercas, nossos muros. Não é tarefa
fácil, que se faz em um passe de mágica, usando palavras de ordem ou tomando
uma pílula mágica. Significa um processo contínuo, e muitas vezes doloroso.
Começa-se por retirar os escombros.
Lançar
fora tudo que não agrada a Deus. Identificar, avaliar, tomar decisão e
agir. Jesus alertou assim aos fariseus:
O que sai do homem isso contamina o homem. Porque
do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as
prostituições, os homicídios, Os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a
dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males
procedem de dentro e contaminam o homem.
Marcos 7:20-23
Limpa primeiro o interior do copo e do prato,
para que também o exterior fique limpo. Mateus 23:26
Este
processo, vale lembrar, não pode ser levado a efeito sem a ajuda divina. Por
mais que eu tente com minhas próprias forças, não vou conseguir sozinho.
Simplesmente
por conta da ação da carne em minha vida que tende a produzir suas obras de
maneira contínua, parecendo mais pia de lavar louças que deixamos limpinha em
dado momento e logo depois volta tudo ao estado de sujeira inicial.
Situação
semelhante aos poços de Abraão entulhados pelos adversários filisteus e
restaurados por Isaque:
E tornou Isaque e cavou os poços de água que
cavaram nos dias de Abraão seu pai, e que os filisteus entulharam depois da
morte de Abraão, e chamou-os pelos nomes que os chamara seu pai. Cavaram, pois,
os servos de Isaque naquele vale, e acharam ali um poço de águas vivas. Gênesis
26:18-20
Para
agirmos de forma semelhante, precisamos sem sombra de dúvidas da ajuda do
Espírito Santo a produzir seu fruto na vinha da nossa vida. Gálatas 5.22.
Neste
caso o fruto apropriado na estação própria é o fruto da temperança ou domínio
próprio.
Através
do Espírito e seu fruto manifesto em nossas vidas, podemos falar as palavras
certas no tempo certo (Prov. 25.11), controlar o apetite desordenado, (Prov.
23.2), o agir precipitadamente (Prov. 14.29; 19.2; 21.5)
Para
manter o controle da nossa vinha, o governo de nós mesmos, algo nada fácil,
precisamos igualmente de outro aspecto do fruto do Espírito, a longanimidade,
companheira inseparável da temperança, que nos ajuda a manter o controle da
vida e assim, atendendo ao conselho do Mestre Jesus, continuarmos perseverantes
neste intento: “Na vossa paciência possuí as vossas almas.” Lucas 21.19.
Desta
forma reconstruímos as cercas da nossa vinha, os muros da nossa alma,
restaurando a comunhão plena com Deus e produzindo frutos dignos de
arrependimento.
GUARDANDO A VINHA DA NOSSA CASA
Todas as pessoas devem promover a salvação de si
mesmas e da própria família, não porque diz respeito a si mesmas, mas porque é
valiosa em si e porque é especialmente confiada a elas, por estar no raio de
seu alcance direto. Esse é um princípio pressuposto em toda parte no governo de
Deus, ... (Charles Finney)
Precisamos
gastar tempo, joelhos, palavras e todos os nossos recursos no tomar cuidado da
nossa família. Nabote foi incisivo e permaneceu firme diante da tentadora proposta
de Acabe:
Então
Acabe falou a Nabote, dizendo: Dá-me a tua vinha, para que me sirva de horta,
pois está vizinha ao lado da minha casa; e te darei por ela outra vinha melhor:
ou, se for do teu agrado, dar-te-ei o seu valor em dinheiro. 1 Reis 21:2
Nabote
permaneceu firme no propósito de obedecer a um princípio sagrado da propriedade
da terra, estabelecido pelo Senhor, quando rejeitou a oferta do rei: não te
darei a herança de meus pais; não te darei a minha vinha. (I Reis 21.4b; 6c)
Hoje também nós, pais, somos convocados a tomar a posição de guardiões na torre
de vigia em favor de nossa casa de nossos filhos.
Este
zelo para com a família o pregador Charles Finney traduziu como um ato de
serviço ao Senhor:
Se um homem ama a Deus de modo supremo e empenha-se
em alguma atividade para promoção de sua glória, se for sincero, sua disposição
e conduta, naquilo que tiverem algum caráter moral, são inteiramente santas
quando empenhadas de maneira necessária na correta transação de sua atividade,
embora, naquele momento, nem seus pensamentos nem suas emoções estejam em Deus;
simplesmente como homem devotadíssimo à sua família, pode estar agindo de
maneira coerente com Seu interesse supremo e Lhe prestando o serviço mais
importante e perfeito, enquanto não Lhe dirige outro pensamento.
GUARDANDO-NOS
DA COBIÇA DO CONSUMO IRRESPONSÁVEL
Sabemos
que os valores da sociedade estão em constante mutação e nem sempre estão de
acordo com os princípios bíblicos.
A
mídia se encarrega de descarregar nas mentes e nos corações milhares de
informações, imagens e pensamentos. A internet e as redes sociais ditam
relações desta geração. O maior apelo vem das propagandas para estimular a
cobiça ao consumo.
Tudo
dentro da lei do mercado. Nossas crianças desde cedo são estimuladas a comprar,
o verbo mais conjugado de todos. Mal começa a falar, o pequenino já brada: -
“compa pa mim, papai, compa!”
A
cobiça por coisas se aprende logo cedo nos intervalos dos desenhos animados.
Precisamos cuidar das nossas famílias nesta área também.
CUIDANDO
DOS NOSSOS
Moisés
já advertia ao povo israelita da responsabilidade quanto a observação pessoal
dos ensinos do Senhor e a propagação dentro do seio familiar:
Tão somente guarda-te a ti mesmo, e guarda bem a
tua alma, que não te esqueças
daquelas coisas que os teus olhos têm visto, e não se apartem do teu coração
todos os dias da tua vida; e as farás saber a teus filhos, e aos filhos de teus
filhos. Deuteronômio 4.9
A
falta de observação dos caminhos por onde anda a família foram apontados por
Paulo em sua carta à Timóteo:
"Mas, se alguém não tem cuidado dos seus e
principalmente dos da sua família, negou a fé e é pior do que o infiel" (1
Tm 5.8).
Pode
parecer duro, mas o comportamento do cristão ao abandonar o cuidado com sua
vinha, a família, constitui-se em um ato de pior qualidade do que as ações dos
incrédulos.
Cabe
neste momento um alerta quanto ao ativismo religioso. O clássico exemplo do
conselho de Jesus para Marta nos serve de exemplo:
“Marta, porém andava distraída em muitos
serviços; e, aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá de que minha irmã me
deixe servir só? Dize-lhe que me ajude. E respondendo Jesus, disse-lhe: Marta,
Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária;”
Lucas 10:40-41
Assim
o excesso de ocupação na Igreja pode nos tornar amigos dos irmãos, do pastor, mas
inimigos de nossa casa, podendo chegar a destruir a nossa vinha. Usamos aquela
velha desculpa de que Deus só chama os ocupados e sobrecarregamos a irmã ou o
irmão com três ou quatro departamentos, sem lembrar de que ele também tem um
trabalho secular, e principalmente, tem uma pequena igreja, sua família, para
prestar contas diante de Deus.
Vale
salientar que muitos se deixam levar por este círculo vicioso por conta
justamente da cobiça por um cargo ou posição de poder no ambiente eclesiástico,
traspassando-se a si mesmos com muitas dores.
Em
consequência, vemos quantos matrimônios esfacelados, vivendo de aparência e
facha, quantos filhos revoltados, quantos pais doentes emocionalmente, por conta
da falta de tempo para cultivar nossa vinha. Para isto é preciso ter a direção
de Deus para agirmos sabiamente, diferentemente do ímpio.
Acabe,
ao receber a rejeição de Nabote quanto à venda da vinha, queixou-se à sua
mulher Jezabel que de maneira carnal tomou à frente da situação, censurando o
seu marido: “Governas tu, com efeito, em Israel?” Em outras palavras. Não és tu
o rei, por que não usaste de tua autoridade. A Bíblia Sagrada alerta:
Toda mulher sábia edifica a sua casa; mas a tola
a derruba com as próprias mãos. Provérbios 14:1
Totalmente
ao contrário da postura inconsequente da idólatra e manipuladora Jezabel, as
mulheres cristãs mulheres cumprem um papel fundamental na estrutura familiar.
Agindo de maneira sábia, estas edificam os seus lares.
Aqui
não particularizamos apenas as senhoras do lar, mas todas, mães, esposas que,
embora tendo atividades na Igreja, atuam no campo profissional, a fim de
ajudarem a compor a renda familiar, ou mesmo como guia e arrimo da família na
ausência de seus maridos. Todas,
profissionais ou do lar, têm como exemplo a mulher virtuosa de Provérbios 31, o
zelo na formação e cuidado dos filhos, a instrução nos caminhos do Senhor, e o
apoio e socorro aos seus maridos, servindo de exemplo para as demais.
Não
que seja das mulheres a tarefa exclusiva de orar, não, todos devemos orar, mas
em nossa cultura assembleana, já se consolidou como um trabalho exclusivo de
responsabilidade das senhoras a condução dos trabalhos de Círculo de Oração
durante o dia. Estas mulheres valorosas levantam as mãos e elevam suas vozes a
Deus em defesa das causas dos desvalidos, dos necessitados, do ministério, dos
perdidos, dos afastados, de suas próprias famílias, das nossas famílias.
Assim,
como a base da igreja é a família, a atuação da mulher no lar de acordo com os
princípios da Palavra é de fundamental importância para a edificação do corpo
de Cristo.
CUIDADO
COM A MANIPULAÇÃO DA PALAVRA
Os
juízes da cidade apregoaram um jejum antes da tomada de decisão. Às vezes
fazemos o certo, jejuar, com as motivações erradas. Não adianta fazer campanha
de jejum sem fim quando as motivações daquela campanha ferem a Palavra ou mesmo
quando sentimos pelo Espírito que Deus não quer agir naquele sentido.
Isaías
despertou para falar de um modelo de jejum que agrada ao Senhor:
... Por que jejuamos nós, e tu não atentas para
isso? Por que afligimos as nossas almas, e tu não o sabes? Eis que no dia em
que jejuais achais o vosso próprio contentamento, e requereis todo o vosso
trabalho. Eis que para contendas e debates jejuais, e para ferirdes com punho
iníquo; não jejueis como hoje, para fazer ouvir a vossa voz no alto. Seria este
o jejum que eu escolheria, que o homem um dia aflija a sua alma, que incline a
sua cabeça como o junco, e estenda debaixo de si saco e cinza? Chamarias tu a
isto jejum e dia aprazível ao SENHOR? Porventura não é este o jejum que
escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo
e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo? Porventura não é
também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres
abandonados; e, quando vires o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne?
Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a
tua justiça irá adiante de ti, e a glória do SENHOR será a tua retaguarda.
Então clamarás, e o SENHOR te responderá; gritarás, e ele dirá: - Eis-me aqui.
Se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o falar iniquamente; E
se abrires a tua alma ao faminto, e fartares a alma aflita; então a tua luz
nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia. E o SENHOR te
guiará continuamente, e fartará a tua alma em lugares áridos, e fortificará os
teus ossos; e serás como um jardim regado, e como um manancial, cujas águas nunca
faltam. E os que de ti procederem edificarão as antigas ruínas; e levantarás os
fundamentos de geração em geração; e chamar-te-ão reparador das roturas, e
restaurador de veredas para morar. Isaías 58:3-12
Ações
movidas na intenção de adorar a Deus e resgatar o próximo servem como jejum
agravável diante do Senhor. E assim as nossas vinhas são restauradas e
preservadas.
GUARDANDO A NOSSA IGREJA, NOSSA VINHA
Jezabel,
tomando atitude de uma pessoa que não temia a Deus, planejou malignamente
levantar falsas testemunhas para acusar a Nabote de transgressão da própria Lei
do Senhor.
Movida pela cobiça, alimentou o firme intento de tomar à qualquer custo a posse
da vinha de Nabote. Para tal, manipulou um preceito da Lei para tentar levar
Nabote à morte, através do uso de falsas testemunhas:
Quando
no meio de ti, em alguma das tuas portas que te dá o SENHOR teu Deus, se achar
algum homem ou mulher que fizer mal aos olhos do SENHOR teu Deus, transgredindo
a sua aliança, Que se for, e servir a outros deuses, e se encurvar a eles ou ao
sol, ou à lua, ou a todo o exército do céu, o que eu não ordenei, E te for
denunciado, e o ouvires; então bem o inquirirás; e eis que, sendo verdade, e
certo que se fez tal abominação em Israel, Então tirarás o homem ou a mulher
que fez este malefício, às tuas portas, e apedrejarás o tal homem ou mulher,
até que morra. Por boca de duas testemunhas, ou três testemunhas, será morto o
que houver de morrer; por boca de uma só testemunha não morrerá. As mãos das
testemunhas serão primeiro contra ele, para matá-lo; e depois as mãos de todo o
povo; assim tirarás o mal do meio de ti. Deuteronômio 17:2-7
Aqui
vale salientar a necessidade de estarmos vigilantes quanto aos que manipulam as
orientações da Palavra do Senhor para atenderem aos seus interesses pessoais
através de falsos testemunhos ou qualquer outro meio.
O
maquiavélico plano de Jezabel previu o uso das falsas testemunhas para dar um
ar de veracidade à falsa acusação contra Nabote e, o que é pior, manipulando o
conselho de anciãos. Aqui notamos a importância do dom do discernimento dos
espíritos (I Co. 12.10), tendo a Palavra de Deus por auxílio (Hb. 4.12) e com o
uso de sabedoria por parte da liderança antes de tomar qualquer decisão quando
chega uma acusação contra alguém da Igreja. È preciso compreender o todo para
assim tomar a sábia decisão e não agir por influência ou inclinação pessoal
interesseira e parcial. Daí o alerta do Senhor:
De palavras de falsidade te afastarás, e não
matarás o inocente e o justo; porque não justificarei o ímpio. Êxodo 23:7
Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
Êxodo 20.16; Deut. 5.20.
Um
dos fatores mais maléficos para o cristão e que precisa ser combatido no seio
da Igreja do Senhor é o trato das acusações contra os escolhidos do Senhor:
Da falsa acusação te afastarás; não matarás o
inocente e o justo, porque não justificarei o ímpio. O acusador dos nossos
irmão, satanás, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso DEUS,
(Apocalipse 12:10).
Acusações
podem ter fundamento ou serem falsas. Falsas como foram as suposições
levantadas contra Jó:
Perguntou o SENHOR a Satanás: Observaste o meu
servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto,
temente a DEUS e que se desvia do mal. Ele conserva a sua integridade, embora
me incitasses contra ele, para consumi-lo sem causa. Jó 2.3.
As
falsas acusações trazem em si uma inspiração diabólica motivada muitas vezes
por razões pequenas, mesquinhas, carnais, invejosas.
Ou
podem ser verdadeiras como as acusações sofridas por Josué, o sacerdote:
E me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual
estava diante do anjo do SENHOR, e satanás estava à sua mão direita, para se
lhe opor. Mas o SENHOR disse a Satanás: O SENHOR te repreende, ó Satanás, sim,
o SENHOR, que escolheu Jerusalém, te repreende; não é este um tição tirado do
fogo? Ora, Josué, vestido de vestes sujas, estava diante do anjo. Então,
falando, ordenou aos que estavam diante dele, dizendo: Tirai-lhe estas vestes
sujas. E a ele lhe disse: Eis que tenho feito com que passe de ti a tua
iniquidade e te vestirei de vestes novas. Zacarias 3:1-4.
O
diabo, aquele que quer tomar a nossa vinha, é o nosso maior acusador diante de
DEUS. Apocalipse 12:10. Mas bem aventurados aqueles que lavam as suas
vestiduras no sangue do cordeiro. Apocalipse 7.14.
O
trato com as acusações verdadeiras também devem ser com cuidado, à luz da
Bíblia, produzindo a disciplina que vem do Senhor. Servem para produzir
tristeza para arrependimento que produz vida:
E já vos esquecestes da exortação que argumenta
convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, E não
desmaies quando por ele fores repreendido; Porque o Senhor corrige o que ama, E
açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata
como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem
disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não
filhos Além do que, tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e
nós os reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos,
para vivermos? Porque aqueles, na verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam
como bem lhes parecia; mas este, para nosso proveito, para sermos participantes
da sua santidade. E, na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser
de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos
exercitados por ela. Hebreus 12:5-11
O
trato correto quanto à transgressão precisa ser observado. Disciplina serve
para correção e resgate e nunca como meio de vingança e tentativa de destruição
de uma pessoa ou seu ministério. A imparcialidade também deve observada para que não haja acepção de pessoas na aplicação da
disciplina e nunca que se confirme a máxima de “aos amigo tudo; aos inimigos a
lei.”
Outra
questão trata do objeto da disciplina que varia de lugar para lugar, de pessoa
para pessoa, de motivação para motivação. Que pecados são dignos de disciplina?
Que disciplina deve ser exposta? A disciplina precisa ser pública ou um
conselho pode ser suficiente para aplicação da disciplina? Ou apenas uma
confissão sincera ao pastor em arrependimento é o suficiente? São questões a
serem postas. O importante é que nunca se julgue com parcialidade, com dois
pesos e duas medidas e principalmente que tudo tenha como base o amor que trata
e cura.
Há
pessoas que quase glorificam a DEUS quando acusam o testemunho de um delito
cometido por um irmão de modo algum está agindo com o cuidado necessário para
com um membro de seu próprio corpo. Não. São pessoas de uma pobreza de alma tal
que acham que precisam ver alguém prostrado para se sentir superiores.
As
acusações contra os presbíteros devem ser ratificadas por duas ou três
testemunhas (I Timóteo 5.19). Nada de ouvi dizer, eu acho, fulano me disse.
Quem não tem pecados que atire a primeira pedra, disse Jesus (João 8:7).
Quem
intentará então acusação contra os eleitos de DEUS? Romanos 8:33. É DEUS quem
os justifica. A vitória maior contra o acusador foi vaticinada no livro das
Revelações de João, que diz:
E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é
chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso DEUS, e o poder do seu
Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do
nosso DEUS os acusava de dia e de noite. Apocalipse 12:10
Os
falsos acusadores por sua vez, espalhadores de boatos, falsos testemunhos,
maldizentes, a exemplo de Jezabel, se não tiverem a paga aqui de suas
injustiças, o Senhor, Justo Juiz, com certeza os julgará, bem como tem
sentenciado o pai da mentira, satanás.
Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras,
nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os
avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o
reino de Deus. 1 Coríntios 6:10
DEUS TUDO VÊ
A
ardilosa Jezabel, alcançou seu intento levando Nabote à morte manipulando os
preceitos da lei do Senhor, persuadindo depois o marido Acabe a tomar posse
definitiva do que não era seu.
Mas
nada está encoberto aos olhos do Senhor:
Porque nada há encoberto que não haja de ser
manifesto; e nada se faz para ficar oculto, mas para ser descoberto. Marcos
4:22
E não há criatura alguma encoberta diante dele;
antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de
tratar. Hebreus 4:13
Deus
revela a atitude criminosa de Acabe ao profeta Elias:
Então veio a palavra do SENHOR a Elias, o
tisbita, dizendo: Levanta-te, desce para encontrar-te com Acabe, rei de Israel,
que está em Samaria; eis que está na vinha de Nabote, aonde tem descido para
possuí-la. 1 Reis 21:17-18
Elias
fora comissionado agora para defender não apenas a vinha de Nabote, posto que
estava morto, mas a vinha do Senhor. O perturbador da consciência de Acabe, não
de Israel, voltava à cena para confrontar o inseguro rei, e dizer-lhe: - Assim
diz o Senhor!
Fomos
chamados para combater o bom combate em defesa da fé que uma vez foi dada aos
santos. Nós professores da EBD fomos chamados para retirar as pedras do pecado
dos falsos ensinos, das falsas doutrinas e preservar a sã doutrina à cada dia mais
atacada e relativizada.
Precisamos
defender a nossa vinha em meio à esta geração corrompida e perversa
interferindo em sua trajetória para não continuarmos reduzidos a uma subcultura
cristã, sem voz, sem vez, sem efeito, apesar de um número grandioso, sendo uma
vinha frondosa porém uma vinha infrutífera.
O
ascetismo, o isolamento do mundo como eremitas fez com que a Igreja perdesse
seu poder de influência no meio da sociedade.
Existe a necessidade primordial de se viver em um contexto social em
constante mudança, não diria evolução, quando os valores morais estão sendo
relegados ou pior “renovados”.
Em
face disto, precisamos de discernimento para nos separar não do mundo mas sim
de sua influência pecaminosa, não simplesmente nos isolando e achando que tudo
é pecado, mas examinando tudo e retendo o que é bom (1 Tessalonicenses 5:21),
sem concessões para o pecado. Pecado é pecado, e ponto final.
Esta
geração se encontra diante de um desafio maior. Enquanto uns poucos militam
contra as trevas tentando defender a fé em regimes totalitários e anticristãos,
a maior parte dos membros hoje sofre o perigo da sedução do engano do pecado
das conveniências político-econômico-sócio-culturais.
O
moderno, mas bem antigo entendimento do não faz mal, do agora vale tudo, com
suas argumentações piegas de que Jesus só quer o coração ou, isso é coisa do
passado, tenta nos convencer. René
Padilla levantou esta bandeira para a igreja hodierna:
A igreja de Jesus Cristo está envolvida num
conflito contra os poderes do mal entrincheirados nas estruturas ideológicas
que desumanizam o homem, condicionando-o para que relativize o absoluto e
absolutize o relativo.
O
profeta Malaquias protestou contra o relativismo moral da sua época, dizendo:
Porque, quando trazeis animal cego para o
sacrificardes, não faz mal! E, quando ofereceis o coxo ou o enfermo, não faz
mal! Ora, apresenta-o ao teu príncipe; terá ele agrado em ti? Ou aceitará ele a
tua pessoa? — diz o SENHOR dos Exércitos.
Malaquias 1:8.
Para
fazer frente aos ataques do inimigo nesta peleja se requer um posicionamento de
sobriedade e vigilância, porque o adversário anda em derredor, bramando como
leão, buscando a quem possa tragar. 1 Pedro 5:8.
Sobriedade
fala de preservar o estado de lucidez em meio a um mundo encantador, sedutor,
enganador e embriagador que usa todos os seus encantos passageiros do presente
para estimularem a cobiça.
O
consumismo de bens, em sua maioria desnecessários, a prática do sexo ilícito, a
busca pelo poder, o amor às riquezas, os valores morais invertidos, a
pós-moderna cultura pagã e idólatra centrada no homem e até a religião
embriagam a muitos. A saída é cingir os lombos do entendimento, sendo sóbrios e
a esperar inteiramente na graça que se ofereceu na revelação de Jesus Cristo. 1
Pedro 1:13. A Graça é suficiente para nos suprir e assim nos desapegar dos
apelos da cobiça. A graça de Deus nos basta !
A
Igreja através da sua liderança, através dos ensinadores da Palavra, não pode
se esquivar de ministrar todo o conselho de Deus:
Cuidai pois de vós mesmos e de todo o rebanho
sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a
igreja de Deus, que ele adquiriu com seu próprio sangue. Eu sei que depois da
minha partida entrarão no meio de vós lobos cruéis que não pouparão rebanho, e
que dentre vós mesmos se levantarão homens, falando coisas perversas para
atrair os discípulos após si.
Portanto vigiai, lembrando-vos de que por três
anos não cessei noite e dia de admoestar com lágrimas a cada um de vós. Agora pois,
vos encomendo a Deus e à palavra da sua graça, àquele que é poderoso para vos
edificar e dar herança entre todos os que são santificados. Atos 20:28-32.
Essa
é nossa luta. Combater o bom combate. 2 Timóteo 4:7. Trabalhar em defesa da
vinha do Senhor: Trabalhai e orai. Na seara e na vinha do Senhor; Meu desejo é
orar, E ocupado quero estar, sim, na vinha do Senhor. (Harpa Crista, 115)
O
CUIDADO DA VINHA
Faze-nos voltar, ó Deus dos Exércitos, e faze
resplandecer o teu rosto, e seremos salvos. Trouxeste uma vinha do Egito;
lançaste fora os gentios, e a plantaste. Preparaste-lhe lugar, e fizeste com
que ela deitasse raízes, e encheu a terra. Os montes foram cobertos da sua
sombra, e os seus ramos se fizeram como os formosos cedros. Ela estendeu a sua
ramagem até ao mar, e os seus ramos até ao rio. Por que quebraste então os seus
valados, de modo que todos os que passam por ela a vindimam? Javali da selva a
devasta, e as feras do campo a devoram. Oh! Deus dos Exércitos, volta-te, nós
te rogamos, atende dos céus, e vê, e visita esta vide; E a videira que a tua
destra plantou, e o sarmento que fortificaste para ti. Está queimada pelo fogo,
está cortada; pereceu pela repreensão da tua face. Salmo 80. 16-
O
salmista estava perplexo de como a antiga vinha frutífera que era Israel se
mostrava agora destruída pelos inimigos dominadores. Sem cercas que limitavam e
barravam a entrada dos roubadores das colheitas e dos animais que destruíam as
plantas.
A
Igreja primitiva não mais existe. O mundo antigo, com exceção de Israel, antes
alcançado pelo evangelho, agora vive dominado pelo islamismo. A Europa avivada,
berço da Reforma Protestante, agora tem uma igreja que tenta se reerguer em
meio às pisadas do relativismo, do ateísmo, dos conceitos da sociedade. A
igreja americana também sofre. A Igreja brasileira cresce geometricamente, mas
sem profundidade teológica, ética e, consequentemente, compromete sua
relevância na sociedade. A brisa do Espírito tem soprado em terras africanas
nestes dias, embora ameaçadas pelo islã.
Nestes
tempos, o cristianismo autêntico tem grandes desafios a enfrentar para guardar
a vinha em meios ao modo de vida contemporâneo: a dependência do desenvolvimento
tecnológico, o secularismo, o mundanismo, o relativismo moral, o reducionismo,
o surgimento de milhares de seitas, a globalização, o crescimento urbano, a
violência, a multiplicação das seitas, os modismos teológicos, a legalização
das práticas que ferem a Palavra de Deus. .
Vivemos
quadro semelhante aos tempos do povo de Israel relatados pelo salmista.
Precisamos reaver a vida da nossa vinha. Assim o salmista clamou em oração:
Seja a tua mão sobre o homem da tua destra, sobre
o filho do homem, que fortificaste para ti. Assim nós não te viraremos as
costas; guarda-nos em vida, e invocaremos o teu nome. Faze-nos voltar, SENHOR
Deus dos Exércitos; faze resplandecer o teu rosto, e seremos salvos. Salmo 80.
Nossa
vinha precisa ser guardada para produzir o vinho no lagar e levar a alegria e
gozo para todos que usufruem dos seus frutos. Para isso precisa estar cercada,
não fechada. As fronteiras que dividem o palácio de Acabe da vinha de Nabote
precisam estar demarcadas. As velhas heresias travestidas de modernismos
teológicos ou litúrgicos precisam estar do outro lado da cerca.
A
torre de vigia da oração, da comparação com a Palavra, do ensino sistemático
coerentemente bíblico, o louvor como forma de adoração espontânea e devocional,
a contribuição generosa e com alegria, a vontade de evangelizar os perdidos,
misturando-se com eles sem sentar-se à mesa de suas ações, enfim, a pregação
das boas novas do evangelho em meio a um mundo em caos. Acredito que este seja
o caminho. Levar a mensagem genuína do evangelho de Cristo que conduz as
pessoas ao arrependimento.
CUIDANDO
DO NOSSO MINISTÉRIO
Amado professor da EBD, a luta em defesa da fé e a guarda fiel da
vinha do Senhor muitas vezes se torna desgastante à ponto de cogitarmos da
ideia de largar tudo, pular fora do barco em plena travessia. Mas o Sumo Pastor
Jesus supre todas as necessidades em glória (Filipenses 4.19). Portanto,
continue com a mão no arado. Aquele leva a preciosa semente gemendo e chorando
voltará com alegria trazendo consigo os seus molhos. Salmo 126.6
Muitas
vezes o nosso chamado não encontrou ainda ressonância dentro da Igreja Local.
Muitas vezes fazemos muitas atividades na obra do Senhor em prol do serviço
eclesiástico que demanda e carece de nós. Mas precisamos despertar o dom de
Deus que nos foi dado e aperfeiçoá-lo para e no tempo certo ministrar a outros.
Deus
não deixa a sua vinha sem guardiães.
Os
líderes espirituais do povo israelita à época de Jeremias se tornaram
repreensíveis e responsáveis pela dispersão das ovelhas:
Muitos pastores destruíram a minha vinha, pisaram
o meu quinhão; tornaram em desolado deserto o meu quinhão aprazível. Jer.
12.10; Os pastores se embruteceram, e não buscaram ao Senhor; por isso não
prosperaram, e todos os seus rebanhos se acham dispersos. Jer.10.21; Ovelhas
perdidas têm sido o meu povo; os seus pastores as fizeram errar, e voltar aos
montes; de monte para outeiro andaram, esqueceram-se do lugar de seu repouso.
Jer. 50.6.
As
vinhas precisam ser cuidadas por verdadeiros obreiros, chamados, vocacionados e
separados para a obra do ministério de cuidar da vinha. Cada qual permaneça na
vocação em que foi chamado (I Coríntios 7:20) , a fim de corresponder às
necessidades da Igreja do Senhor.
Assim,
o apóstolo Paulo aconselhou aos que tem chamada para o ensino, como bons
despenseiros do Senhor (I Co. 4.1 e 2), que se dediquem ao ensino (Rom. 12.7).
Ensinando a tempo e fora de tempo. Para isso é preciso se preparar, persistindo
em ler, exorta e ensinar. (I Tim. 4.13)
Somos, professores da EBD, juntamente com o ministério, cultivadores da vinha
do Senhor que precisa se cuidada, adubada, vigiada e guardada com a boa e
genuína Palavra do Senhor para que os membros se tornem multiplicadores desta
verdade:
E o que de mim, entre muitas testemunhas,
ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os
outros. 2 Tim. 2.2
Enfim,
que cumpramos o nosso ministério de ministrar o ensino bíblico de maneira fiel,
sem interesses pessoais ou manipulações conforme o Senhor já nos exortou
através de Paulo na carta a Timóteo (2 Tim 2.1-5):
Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor
Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu
reino, Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas,
exortes, com toda a longanimidade e doutrina.
Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo
comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias
concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições,
faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.
LUGAR
DE ARREPENDIMENTO
Acabe
agiu de maneira precipitada, interesseira e inconsequente. Como resposta de
suas ações que o caracterizaram como o pior de todos os reis de Israel até
então. Deus lhe sentencia à morte:
E falar-lhe-ás, dizendo: Assim diz o SENHOR:
Porventura não mataste e tomaste a herança? Falar-lhe-ás mais, dizendo: Assim
diz o SENHOR: No lugar em que os cães lamberam o sangue de Nabote lamberão
também o teu próprio sangue. E disse Acabe a Elias: Já me achaste, inimigo meu?
E ele disse: Achei-te; porquanto já te vendeste para fazeres o que é mau aos
olhos do SENHOR. Eis que trarei mal sobre
ti, e arrancarei a tua posteridade, e arrancarei de Acabe a todo o homem, tanto
o escravo como o livre em Israel; E farei a tua casa como a casa de Jeroboão,
filho de Nebate, e como a casa de Baasa, filho de Aías; por causa da
provocação, com que me provocaste e fizeste pecar a Israel. E também acerca de
Jezabel falou o SENHOR, dizendo: Os cães comerão a Jezabel junto ao antemuro de
Jizreel. Aquele que morrer dos de Acabe,
na cidade, os cães o comerão; e o que morrer no campo as aves do céu o comerão. I Reis 21. 19 a 24.
Acabe,
no entanto, busca a Deus em arrependimento:
Sucedeu, pois, que Acabe, ouvindo estas palavras,
rasgou as suas vestes, e cobriu a sua carne de saco, e jejuou; e jazia em saco,
e andava mansamente. Então veio a palavra do SENHOR a Elias tisbita, dizendo: Não
viste que Acabe se humilha perante mim? Por isso, porquanto se humilha perante
mim, não trarei este mal nos seus dias, mas nos dias de seu filho o trarei
sobre a sua casa. I Reis 21.27 a 29.
Os
momentos de crise o fizeram retornar ao propósito divino de redenção. Mesmo o
mais vil dos reis, Acabe, foi ouvido e alcanço misericórdia, sem, no entanto,
deixar de sofrer as penas impostas a Deus por consequência dos seus pecados.
A
graça e o perdão de Deu estão disponíveis a todos os homens que ao aceitarem a
Jesus passam a viver uma nova vida. No entanto, As marcas, cicatrizes e
consequências do pecado ficam não como uma lembrança amarga, mas como um meio
de entendimento de que Deus é bom e justo.
GUARDANDO
NOSSA HERANÇA
Amados,
ao final da nossa jornada como peregrinos na terra poderemos proclamar como o
combatente atleta Paulo:
Combati o bom combate, completei a carreira,
guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor,
reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos
amam a sua vinda. 2 Timóteo 4.7 e 8.
Corroborando com a palavra do
anônimo escritor aos Hebreus:
Corramos, portanto, com perseverança, a carreira
espiritual que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador
da nossa fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta,
suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do
trono de DEUS. Hebreus 12:2
Seguindo o exemplo de Paulo a exercer a boa
milícia da fé e assim acabar a carreira guardando a fé (II Timóteo 4:7), em
meio às lutas que a Igreja enfrenta até alcançar a reta final, a pátria futura.
Conservando-nos no amor de
DEUS, chegaremos ao alvo, pois esta é a promessa que ele mesmo nos fez, a vida
eterna. 1 João 2:25, cruzando assim a linha de chegada na carreira da fé, na
confiança de que o Senhor Jesus Cristo já nos preparou um lugar na casa do Pai
onde há muitas moradas. João 14.1 a 3.E os reservou a sua herança.
Quando do planejamento para
a realização de um Seminário para professores da EBD em nossa congregação,
escolhemos como um dos temas de estudo: O Galardão do Ensinador Cristão.
Conjecturamos que o preletor
iria desfiar um rosário de recompensas para quem se dedica ao ensino. Nada
seria mais justo. Ledo engano. O preletor inspirado pelo Espírito Santo usou a
expressão que o Senhor comunicou a Abraão em visão, dizendo: - Não temas,
Abrão, eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão. … Gênesis 15.1.
O reconhecimento maior e
mais proveitoso é a recompensa que o Senhor prometeu: - E eis que venho sem
demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir à cada um segundo as
suas obras. Apocalipse 22:12.
A nossa recompensa maior é
Ele mesmo. Aleluia. E nós somos Dele:
Para
louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado, Em
quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as
riquezas da sua graça, Que ele fez abundar para conosco em toda a sabedoria e
prudência; Descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu
beneplácito, que propusera em si mesmo, De tornar a congregar em Cristo todas
as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus
como as que estão na terra; Nele, digo, em quem também fomos feitos herança,
havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as
coisas, segundo o conselho da sua vontade; Com o fim de sermos para louvor da
sua glória, nós os que primeiro esperamos em Cristo; Em quem também vós estais,
depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e,
tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O
qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para
louvor da sua glória. Efésios 1:6-15
Que Deus nos ajude a conservar e cultivar nossa vinha a fim de produzir o fruto do Espírito para glória de Deus Pai e livres da cobiça.
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