Crescendo na graça e no conhecimento

9 de fevereiro de 2013

O EXEMPLO DE PAULO


Texto-base: Atos 20:7-12
Josiel Araújo

Não existe um relato, sequer, na Bíblia, que não traga princípios preciosos de Deus para nossa vida. No episódio em comento, podemos perscrutar diversos ensinamentos que precisamos por em prática, para levar adiante nossa vida como um verdadeiro discípulo de Cristo.

Podemos pensar, quando lemos o texto, superficialmente, que essa igreja deveria ser um exemplo a ser seguido, no entanto, basta fazemos uma leitura mais acurada para vermos que o modelo de igreja ali descrito precisava passar por certos ajustes para que então, pudesse servir de modelo para a igreja hodierna.

O Apóstolo através de suas atitudes, neste texto, nos ensina que não devemos agir da forma equivocada que esta igreja agia.

Estavam insertos naquela igreja os mesmos problemas que visualizamos nas igrejas de hoje, o que significa dizer que os cristãos de hoje ainda não atentaram para a leitura deste texto; ou, se o fizeram, não mudaram de atitudes, o que chega a ser mais grave. Pois certas atitudes daquela comunidade, com certeza, não seriam aprovadas pelo Dono da igreja.

Podemos defluir do texto a acuidade daqueles cristãos em ouvir a palavra, o amor que eles tinham para com Paulo; mas eram apenas ouvintes e só. Paulo porém nos dá uma lição de como devemos proceder em relação aos nossos irmãos.

É estarrecedor o comportamento dessa igreja, o descaso, a inércia em relação ao próximo. Cabe a essa igreja, perfeitamente a advertência feita à igreja de Éfeso. Apocalipse 2:4.

Vamos então meditar em alguns pontos existentes no texto, que achei por demais interessantes, logicamente, sem a pretensão de ser exaustivo, pois a Palavra de Deus é fonte inesgotável.

Hermenêutica é a ciência que estuda os modos de interpretações, os significados ou sentidos das palavras. Existe um entendimento na hermenêutica bíblica que reza que quando o nome de um personagem bíblico é citado na narrativa, indica que tal personagem era um elemento conhecido no locus em que vivia. Doutro modo, quando não é citado o nome, fazendo referência somente à pessoa, isso indica que essa pessoa é uma pessoa qualquer, um desconhecido, mais um de tal sociedade.

Podemos nos utilizar desta regra em diversos textos. Pessoas conhecidas: Ex. Mc 5:21-23; Mc 10:46; Jo 3:1; Jo 19:38. Ou ilustres desconhecidos: Mt 12:9- 10; Mt 19:16; Mc 5:25; Mc 8:22.

Diante de tais considerações, pode-se concluir que o fato do nome Êutico ter sido citado, faz do mesmo não um ilustre desconhecido daquela comunidade, e sim uma pessoa conhecida por muitos.
Assim sendo, podemos questionar o porque de uma pessoa conhecida estar em situação de perigo iminente e ninguém, sequer um irmão, teve o bom senso de chamar-lhe a atenção para o perigo que ele estava correndo. Um pequeno alerta evitaria algo mais sério.

Hoje temos situações exatamente iguais.

Por não querermos nos envolver com os problemas alheios, deixamos, a quem chamamos de irmãos, em situações de perigo e nem nos damos conta que estamos cooperando com o diabo na queda do irmão; se posso impedir ou evitar uma eventual queda de um irmão e não faço, sou no mínimo omisso, para não dizer conivente, ou partícipe.

Quantos de nossos irmãos hoje estão numa situação semelhante a do Êutico: sentado numa janela, cochilando, prestes a cair e nós, crentes, salvos, redimidos, passamos ao largo, olhamos, mas estamos com outras prioridades - temos o sermão para pregar, a Palavra para ouvir, o hino para cantar, a Escola Dominical, a comissão de visitas, o conjunto para ensaiar, etc. Enfim, temos um monte de coisas para fazer, quando não dizemos que não temos nada a ver com a situação, pois o tal irmão não é do meu grupo, e assim não preciso me preocupar com o bem estar do meu irmão em Cristo e ele continua na janela cochilando e correndo o risco de cair.

Nesta congregação é perfeitamente possível que conheçamos todos, mas se tiver de me preocupar com alguém, esse tem que ser do meu grupo. Só que o Céu não foi feito para grupos, o céu é para um povo que anda em união, foi isso que Jesus pediu na sua oração sacerdotal, Jo 17.

Desse modo, se alguém procura fazer grupelhos, facções ou partidos dentro da casa de Deus esse alguém precisa converter-se urgentemente, pois está na contramão da vontade de Deus que todos sejam um. A igreja aqui na terra é um treinamento para a vida eterna, e como vamos viver eternamente excluindo o irmão A? Ou sem amar o irmão B? tendo que, conviver eternamente com eles? E, se não os excluímos, o amamos, porque não nos preocupamos com o seu bem estar espiritual e físico e o deixamos prestes a cair e morrer?

A primeira lição que encontro nesse texto é esta: a vida do meu irmão, todos meus irmãos, em todos os aspectos possíveis, é também responsabilidade minha, e esta lição já está inserta na pergunta de Deus para Caim: -  “onde está o teu irmão”(Gênesis 4.9)?

Na continuação do texto o Apóstolo Paulo nos ensina como devemos proceder em casos semelhantes, e aqui é forçoso fazer uma referência muitos crentes, que estão agindo exatamente como o Sacerdote e o Levita da Parábola do Bom Samaritano, pessoas que, em tese, viviam para o serviço de Deus, diziam servir a Deus, mas passam ao largo dos problemas dos seus irmãos. Entretanto a Bíblia diz que logo que soube do acontecido Paulo parou tudo o que estava fazendo; não é incomum muitas vezes quando precisamos de ajuda e pedimos um irmão para parar algo e prestar um apoio, ouvimos dizê-los - não posso parar pois estou fazendo a obra de Deus.

Amados, restaurar uma vida é a obra de Deus, evitar uma queda é a obra de Deus, evitar uma morte é a obra de Deus. Acho interessante que Paulo parou, e parou o cerimonial mais importante do cristianismo, ele parou a celebração da Ceia do Senhor, e parou por quê? Porque ele sabia que uma alma é mais importante que um cerimonial. Paulo sabia que a Ceia só existe por causa das almas, pois foi por estas almas que Jesus morreu e por causa da sua morte é que instituiu a celebração da ceia. Logo, uma alma é mais importante que o cerimonial da ceia. Paulo tinha absoluta certeza que Jesus também pararia como parou para Bartimeu, e tantos outros.
Na seqüência o Apóstolo nos dá outra grande lição. O texto diz que Paulo desceu. A inferência textual nos dá a entender que, tendo parado, soube da gravidade do problema e preocupou-se em saber como poderia ser útil naquela situação. Descer fala de se colocar no mesmo patamar que o outro. Mas este é outro grande problema que enfrentamos. Colocar-se no patamar de outro que está abaixo não é coisa fácil, mas Paulo com sua atitude nos ensina que todos somos iguais, ninguém é melhor do que o outro, o sangue que foi derramado para remir o pastor, o presbítero, o diácono, o regente, a dirigente do coral foi o mesmo
derramado para remir quem senta-se na nave do templo, ou quem senta-se no banco da praça.

Para Deus não existe grandes e pequenos, todos estão no mesmo patamar, todos são pó.

Jesus nos ensina que quem quiser ser o maior tem que servir, quanto mais servil for, maior será. O nosso Pastor sempre repete quem se senta nos lugares altos do templo, sentam-se ali para servir os que estão do outro lado.

Muitas vezes pelas atitudes que tomamos estamos dizendo, que não vamos ser útil ao nosso irmão, só porque ele não faz parte do nosso grupo seleto de amizade e aqui volta o problema primeiro, os partidos, as facções, os grupelhos as panelinhas, e sinto muito dizer-vos: esses partidos, facções, grupelhos e panelinhas vão nos levar para o inferno. Se existe um lugar onde esse tipo de coisa não pode existir esse lugar se chama Igreja. Gosto muito do lema da atual administração da igreja onde congrego: “para que todos sejam um”, pois é isso mesmo que Deus espera da sua igreja – unidade. Essa unidade é refletida na utilidade que cada um tem no corpo.

Jesus nos deu o maior exemplo de utilidade, se como cristão, como imitador de Cristo que digo ser, eu não for útil a todos meus irmãos, preciso converter-me novamente e aprender com Cristo o senso de utilidade.

Por fim a terceira atitude do Apóstolo é outra lição que precisamos aprender com Paulo: ele o abraçou. Isso nos quer dizer que ele se envolveu com o problema do Eutico.

Irmãos, precisamos aprender a nos envolver com os problemas dos nossos irmãos indistintamente, pois a vitória de meu irmão deve ser minha também. Paulo não se preocupou com a tradição que tinha como imundo quem tocasse num cadáver, não se preocupou com as pessoas ali estavam, não se preocupou com o que Pedro ia pensar ou mesmo com a reação dos outros apóstolos quando soubesse.  Ele se envolveu com o problema de Êutico, e agora o problema era dele também.

Muitos de nós não queremos ter envolvimento com certos problemas de nossos irmãos porque ficamos preocupados com o que o vão pensar se nos envolvermos com determinadas pessoas, principalmente aquelas com que não tem uma boa aceitabilidade no meio da igreja. E é até justificável essa preocupação, em determinados casos, mas quebre estes paradigmas, deixe quem quiser pensar o que quiser pensar, envolva-se com o seu irmão, ajude-o a levantar, abrace-o e, se possível, até o carregue. Assim fazendo certamente você estará imitando Paulo, o Apóstolo, e com certeza Deus verá em você, um imitador de Cristo.

Ilustração - fonte: http://miriangalli.blogspot.com.br/2011/09/paulo-e-o-menino-que-caiu-da-janela.html_
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JOSIEL ARAÚJO é professor da EBD no Templo Central da AD em Natal/RN e participa da equipe de treinamento dos professores.

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Lições 4.o Trimestre 2013

Lições 4.o Trimestre 2013
Conselhos para a vida

Lição 1 - O Valor dos Bons Conselhos
Lição 2 - Advertências Contra o Adultério
Lição 3 - Trabalho e Prosperidade
Lição 4 - Lidando de Forma Correta com o Dinheiro
Lição 5 - O Cuidado com Aquilo que Falamos
Lição 6 - O Exemplo Pessoal na Educação dos Filhos
Lição 7 - Contrapondo a Arrogância Com a Humildade
Lição 8 - A Mulher Virtuosa
Lição 9 - O Tempo para Todas as Coisas
Lição 10 - Cumprindo as Obrigações Diante de Deus
Lição 11 - A Ilusória Prosperidade dos Ímpios
Lição 12 - Lança o teu Pão Sobre as Águas
Lição 13 - Tema a Deus em todo o Tempo

Comentarista:

José Gonçalves - Pastor, Professor de Teologia, Escritor e Vice-presidente da Comissão deApologética da CGADB; Comentarista das revistas de Escola Dominical da CPAD.

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