PARTE I - O PERFIL DO ANTICRISTO
A formação da palavra anticristo
utiliza o prefixo grego anti – “contra” ou “em lugar de” e a palavra Cristo. O
termo no sentido bíblico se refere a uma oposição ao Senhor Jesus Cristo.
Esta oposição na verdade foi
deflagrada nos céus quando Lúcifer, o querubim ungido (Ezequiel 28.11-19),
rebelou-se no céu contra Deus querendo tomar o lugar do Eterno, e de lá foi
expulso juntamente com os seus anjos:
"Como caíste desde o céu, ó
estrela da manhã, filha da alva do dia? Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações? E tu dizias no
teus coração: Eu subirei ao céu, por cima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da
congregação me assentarei, da banda dos lados do Norte. Subirei sobre as alturas das nuvens e serei semelhante ao
Altíssimo. E contudo derribado serás no inferno,
aos lados da cova. Os que te virem te contemplarão, considerar-te-ão e dirão: É
este o varão que fazia estremecer
a terra e que fazia tremer os reinos? Que punha o mundo como deserto e assolava as suas cidades? Que a seus presos não
deixava soltos para suas casas?" Isaías 14:12-17.
Esta guerra foi evidenciada na
Terra quando o inimigo agora se volta para seduzir e derrubar com o engano do
pecado os filhos de Deus, Adão e Eva, que viviam em perfeita comunhão com Ele,
abalada pela desobediência do casal levado pela astúcia de satanás. Não
conseguindo vencer a Deus, o inimigo ataca aos homens. A herança do pecado, a
morte, perpetuou-se assim em toda a humanidade.
Em seu plano da salvação, no entanto,
Deus envia seu filho para resgatar o ser humano do império das trevas. Conforme
constatamos através da mensagem profética que previu que a semente da mulher – Jesus Cristo - viria
para esmagar a cabeça da serpente – satanás – o adversário de Cristo. Gênesis
3.15.
A filósofa cristã Nancy Pearcey
em sua obra Verdade Absoluta ressalta esta luta do bem contra o mal:
O Inimigo foi fatalmente ferido; o resultado da guerra
é certo; contudo, o território ocupado ainda não foi desocupado. Hoje, há um período em que o povo de Deus é
chamado para participar na batalha subsequente, repelindo o Adversário e recuperando o território para
Deus. Este é o período em que vivemos - entre a ressurreição de Cristo e a vitória final sobre o pecado e Satanás.
Nossa chamada é aplicar à nossa vida e ao nosso
mundo a obra consumada de Cristo na cruz, sem esperar resultados perfeitos até
que Ele venha.
Cristo, em Sua morte e
ressurreição, cumpre o projeto do Pai reconciliando a humanidade com Deus. 2
Coríntios 5:19 e Efésios 2:16
A nossa luta maior é nos livrar
das astutas ciladas do inimigo, bem como alcançar, com o poder do evangelho de
Cristo, aqueles que estão sob a influência do mal.
A esta influência o apóstolo
Paulo chama de o mistério da injustiça que já opera (2 Tessalonicenses 2:7). Um
estado de espírito contrário às coisas de Deus que vem sendo exercido sobre as
pessoas estão sob o domínio do maligno.
O apóstolo João em suas cartas e
no próprio evangelho tinha uma preocupação fundamental: a tomada de posição
apologética no combate às heresias que negavam a encarnação do verbo de Deus, Jesus Cristo. A estes que se
levantam contra Deus negando a Cristo, João os denomina de anticristos.
Conforme o teólogo J. Dwight
Pentecost em sua obra Manual de Escatologia, a palavra anticristo aparece
somente nas Epístolas de João. (l João 2.18,22,4.3 e 2 João 1:7).
Filhinhos, é já a última hora;
e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito
anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora. Saíram de nós, mas não
eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se
manifestasse que não são todos de nós. E vós tendes a unção do Santo, e sabeis
tudo. Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, e
porque nenhuma mentira vem da verdade. Quem é o mentiroso, senão aquele que
nega que Jesus é o Cristo? É o anticristo esse mesmo que nega o Pai e o Filho.
1 João 2:18-22
E todo o espírito que não
confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do
anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já está no mundo.
1 João 4:3
Porque já muitos enganadores
entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este
tal é o enganador e o anticristo.
2 João 1:7
Dwight não considera o uso deste
termo usado nas cartas joaninas como uma pessoa do futuro, mas todo aquele que
negava à Cristo já à sua época, negando o Pai e o Filho. Porém acreditamos que
o Anticristo também se levantará contra
o Cristo com base nos mesmo princípios e as mesmas motivações.
Esta predisposição contra o
Cristo já operava portanto desde os dias apostólicos e será alargada com o
estabelecimento da figura do Anticristo, o homem do pecado, o filho da
perdição, o iníquo, conforme vaticinou o apóstolo Paulo:
Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que
antes venha a apostasia, e se
manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, O qual se opõe, e se levanta
contra tudo o que se chama Deus,
ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus. 2 Tessalonicenses 2:3-4
Assim comenta o teólogo
pentecostal Stanley Horton em sua obra Teologia Sistemática – Uma Perspectiva
Pentecostal::
Paulo deixa subentendido que os
últimos dias da presente era incluirão um aumento da revelação do mal neste mundo, através do aparecimento
do "iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca e aniquilará pelo esplendor da sua
vinda" (2 Ts 2.8). Essa figura do Anticristo comandará um novo surto da iniquidade nos últimos tempos.
Esta corrente de pensamento de
negação à Deus e seus valores, o espírito que agora opera nos filhos da
desobediência, conforme escreveu o apóstolo Paulo (Efésios 2:2), tem preparado o caminho para estabelecimento
definitivo do governo do Anticristo, “o governante mundial blasfemo, que é
fortalecido e habitado por satanás, e cujo falso profeta realiza falsos
milagres (Ap 13.1-17)”
O Anticristo, portanto, e seu
sistema de governo político-econômico-religioso, será estabelecido na Terra em
um determinado período da história, com poder e autoridade consentida pela
maioria dos homens, formando um governo hegemônico, sob a influência e domínio
de satanás. Mas que será definitivamente derrotado pelo cordeiro de Deus, Jesus Cristo.
Referências bibliográficas:
PEARCEY, Nancy. Verdade Absoluta:
Libertando o cristianismo de seu cativeiro cultural, Tradução de Luis Aron de
Macedo, 1ª edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
HORTON, Stanley. Teologia Sistemática
Pentecostal. 1ª edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
PENTECOST, J. Dwight. Manual de Escatologia.
5. ed. São Paulo: Editora Vida, 2006.
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