A chuva é condição essencial para
que a terra produza seu fruto. Chuvas temporãs e que ajudam a enternecer a
terra para germinar a semente e as chuvas serôdias que servem também para
sustentar a produção do fruto.
A escassez das chuvas regulares
por um longo período produz o fenômeno da estiagem que limita a produção das
lavouras.
A região Nordeste do Brasil é um
exemplo clássico desta ocorrência.
Israel também passava por
situações semelhantes. Hoje o processo de irrigação na Terra Santa é um exemplo
de tecnologia que permite produzir em pleno deserto.
Mas à época do ministério do
profeta Elias a situação era bem diferente, a dependência única de Deus fazia
com que a lavoura fosse próspera ou não. Havia um fator decisivo que afetava a
produção: a questão do pecado.
Conforme temos visto na história
do reinado de Acabe, suas práticas idólatras levaram o seu povo a provocar a
ira de Deus e assim o castigo inevitável aflora em meio a uma atitude de
distanciamento de Deus.
O profeta Elias, conforme narra
Tiago (5.17), era um homem sujeito às mesmas paixões que nós. O seu diferencial
é que não se sujeitava às tais paixões e isto fez toda a diferença em sua vida.
Em meio à crise espiritual do seu povo sob o mando de Acabe e a influência de
Jezabel, Elias simplesmente recorreu à única alternativa de homens de Deus em
meio a tais crises: Elias orou! E Elias orou a Deus para que o rumo fosse
retomado e a única saída era orar para os céus se cerrarem e os céus se
fecharam. Durante três anos e meio foi aplicada a disciplina divina por meio da
falta de chuvas. O povo e seu rei precisavam aprender em meio a adversidade.
A disciplina divina serve para
correção e não para morte. O justiçamento do homem para canalizar seus
sentimentos de vingança não opera a justiça de Deus.
Porém, o poder da correção faz o
torto se endireitar, faz o ímpio se converter, fax o caminho da verdade ser
retomado quando o homem se encontra perdido. A dor da aflição da parte de Deus
ensina sob medida a nos consertarmos e retomarmos o rumo da obediência à
verdade.
Nestes períodos às vezes somos
tentado a tentar nos socorrer no Egito como Israel normalmente fazia em tempos
de estiagem quando os retirantes buscavam em terras estranhas a sobrevivência.
Mas do Egito saímos. Alguém pode até dizer que quando não era um discípulo de
Cristo as condições materiais eram mais confortáveis.
Paliativos não resolvem a
situação ainda mais quando se está sob o juízo divino como no caso específico
de Israel naquele período negro de idolatria e consequente desobediência a
Deus.
A nação também passou por outros
períodos semelhantes de estiagem em outras épocas. Mas esta veio a servir como
agente de correção para a nação.
Conforme relata Samuel Schultz, “enquanto
a fome perdurou em Israel, ocorreram repercussões drásticas, como as
perseguições aos profetas contemporâneos de Elias, cujos cem deles foram
refugiados por Obadias, servo de Acabe, e por ele sustentados com pão e água”.
Enquanto isto o próprio Jeová
Jiré, o Deus da Providência, conforme o relato de I Reis 17, providenciara um
abrigo junto às torrentes de Quireate, a fim de Elias não sentir falta de água.
Assim também escreveu Flavio Josefo, historiador hebreu:
“Quanto à comida, alguns corvos traziam-lhe
todos os dias o necessário ao seu sustento. Quando a torrente secou, ele, por
ordem de Deus, a Zarefate, cidade situada entre Tiro e Sidom, à casa de uma
viúva, que Deus revelou lhe daria alimento.” (Josefo, 2009, p. 414)
A situação se tornou caótica a
ponto de afetar a sobrevivência dos animais:
"A carestia era tão grande e a
falta das coisas necessárias à vida era tão extraordinária, que mesmo os
cavalos e os outros animais não encontravam erva, pois a extrema seca tornou a
terra árida.” (Josefo, 2009, p. 415)
Mesmo em meio a juízo a graça de
Deus alcança os seus fieis, provendo-lhes alguma forma de escape. Mesmo em meio
às perseguições e lutas por conta da fidelidade ao Senhor, Deus socorre os seus
eleitos. Não evitam que passem pela estiagem, mas não lhes faltará o
necessário, pão e água, provisão seja de forma individual ou coletiva. A maneira
pertence ao Deus soberano.
Assim, depois de três anos e meio
Elias torna a orar ao Senhor suplicando-lhe por chuvas. Seu assistente a
princípio não consegue enxergar a aproximação das chuvas. Mas mensagem de profeta
autêntico é assim mesmo. Provoca desdém quando antevê escassez em meio à
fartura, e gera ceticismo quando prevê a fartura em meio à escassez. Por isso são chamados profetas. E assim Elias
orou e Deus mandou a chuva.
A natureza serve como meio de
revelar ao homem a divindade e eterno poder do Senhor:
“Porquanto o que de Deus se pode
conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas
invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua
divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas,
para que eles fiquem inescusáveis;” Romanos 1:19-20
O pior de todas as secas no
entanto é a seca espiritual. Quando se torna escassa a mensagem profética no
meio do povo à exemplo do período inter-bíblico, um silêncio profético de 400
anos. Também podemos citar o período anterior ao exercício do ministério
profético de Samuel quando a manifestação da Palavra de Deus era mui rara e as
visões pouco frequentes (I Sm. 3.1)
Somente o Senhor pode abrir fontes
no deserto e mananciais de águas em lugares secos (Isaías 41.18;49.10),
mediante o meu humilhar, orar e buscar a Deus, a fim de que perdoe os meus
pecados e sare a minha terra. (2 Cr. 7.14)
Desta maneira podemos notar que Deus
não tem o culpado por inocente e aponta-lhe o caminho do arrependimento através
da disciplina, neste caso, pelo sua ação nos dos fenômenos da natureza. A
dureza de coração por sua vez conduz ao caminho do juízo e da morte como
ocorreu à casa de Acabe.
Referências Bibliográficas:
JOSEFO, Flavio. Historia dos
Hebreus. 8ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004;
SCHULZ, Samuel J. A História de
Israel no Antigo Testamento. São Paulo: Edições Vida Nova, 1990.
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