Combate o bom
combate da fé. Toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado e de
que fizeste a boa confissão perante muitas testemunhas. I Timóteo 6.12.
A Igreja do Senhor Jesus
Cristo é uma igreja essencialmente Militante e Triunfante. São dois aspectos essências
que a caracterizam. A Igreja vive em meio a uma guerra
cerrada no cenário espiritual, combatendo contra o mundo, a carne e diabo. Uma
verdadeira batalha.
A Bíblia de Estudo Pentecostal
(1995, p. 1422), em seu estudo doutrinário “A Igreja”, descreve bem o papel do
exército do Senhor nesta guerra:
A Igreja é um exército engajado
em um conflito espiritual, batalhando com a espada e o poder do Espírito
(Efésios 6:17). Seu combate é espiritual contra satanás e o pecado. O Espírito
que está na Igreja e a enche, é qual guerreiro manejando a Palavra viva de
Deus, libertando as pessoas do domínio de satanás e anulando todos os poderes
das trevas (Atos 26:18; Hebreus 4:12; Apocalipse 1:16; 2:16; 19:15,21)
Guerra Espiritual. Nos idos dos anos oitenta,
muito se escreveu, pregou, ensinou e debateu no meio evangélico a respeito de
batalha espiritual. A Igreja foi ensinada a amarrar o valente e assim por
diante. Expressões do tipo “tá amarrado”, povoaram as mentes e foram
professadas por muitos. O modismo passou, mas a guerra contra as hostes
espirituais da maldade (Efésios 6:12), deflagrada desde os tempos da criação
(Gênesis 3:14 e 15), ainda continua declarada, válida e em pleno
desenvolvimento. Conforme Wiersbe (1989,p.41), “a igreja é um exército onde que
se agrupa a fim de se preparar para a batalha e a fim e ouvir as ordens de
Deus.”
O adversário da Igreja não
mudou, continua sendo o mesmo e agindo da mesma forma:
Nossa luta não é contra o
sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os
dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas
regiões celestiais. Efésios 6:12.
A luta do crente não é contra pessoas.
Muito menos os pecadores são os adversários a serem combatidos, muito embora alguns
possam estar passando neste momento por uma crise de relacionamento justamente
com pessoas que não tem a natureza espiritual, ou mesmo por estarem agindo de
maneira carnal.
Dificuldades de
relacionamento sempre surgem em todos os lugares de nosso convívio. Seja na escola,
trabalho, família, vizinhança, e até na Igreja. O pastor Elinaldo Renovato em
seu livro Aprendendo Diariamente com Cristo, ressalta que não são poucos os
exemplos de divisões de Igrejas causadas por crises de relacionamento (Lima,
2003, p.118.).
Ainda mais sabendo
que estes últimos dias são tempos difíceis, de homens cruéis, à medida que se
aproxima o dia da Volta do Senhor para buscar a Igreja. Hebreus 10:25.
Por isso precisamos
da ajuda e sabedoria de DEUS em contornar estas dificuldades, para não se bater
de frente com alguém. Um dos pontos onde o inimigo mais procura agir é justamente
na comunhão entre as pessoas. Vivemos dias de guerra. Este mal quer penetrar e
se estabelecer também na Igreja local.
Mas a Bíblia nos
leva para outro caminho, o caminho da comunhão e do amor fraternal. Hebreus
13:1; Romanos 12:10; 2 Pedro 1:7; 1 Tessalonicenses 4:9.
Inicialmente
precisamos ter para com o nosso irmão o mesmo sentimento que Cristo teve para
conosco:
Ora, o DEUS
de constância e de consolação vos dê o mesmo sentimento uns para com os outros,
segundo Cristo Jesus. Para que unânimes,
e a uma boca, glorifiqueis ao DEUS e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto
recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos recebeu, para glória de DEUS.
Romanos 15.5 a 7.
Isto também se
reflete na simples maneira de falamos uns dos outros, conforme o alerta da
Carta de Tiago, que diz:
Irmãos, não
faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, e julga a seu irmão, fala
mal da lei, e julga a lei; ora, se julgas a lei, não és observador da lei, mas
juiz. Tiago 4.11.
Não
vos queixeis, irmãos, uns dos outros, para que não sejais julgados. Eis que o
juiz está à porta. Tiago 5.9.
E se evidencia ao mundo os sinais do discipulado autêntico de Cristo
através do amor de uns para com os outros. (João 13:35), ratificado pelo ensino
paulino:
Revesti-vos, pois, como eleitos de DEUS, santos e amados, de coração
compassivo, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade, suportando-vos
e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como
o Senhor vos perdoou, assim fazei vós também.
(Colossenses 3.12)
O amor é a base para cimentar os relacionamentos:
"Porque esta é a mensagem que foi pregada e que ouvimos desde o
princípio, que nos amemos uns aos outros." I João 3.11.
O segredo maior para se alcançar a vitória cristã é o amor, a marca registrada
dos verdadeiros discípulos de Jesus. (Lima, 2003, p. 120.), sendo a igreja local precisa ser “um ambiente riquíssimo para o bom relacionamento entre as pessoas”. (Lima, 2003, p. 122.)
Precisamos amar uns aos outros, porque “o amor é de DEUS; e todo o que ama é
nascido de DEUS e conhece a DEUS. Aquele que não ama não conhece a DEUS; porque
DEUS é amor.” I João 4:7 e 8.
Como já citamos, a
Bíblia nos alerta para o fato de que não é contra gente de carne e osso que
devemos travar nossas batalhas, mas sim contra as hostes espirituais invisíveis
que nos cercam às quais devemos estar sempre alertas para nos defender ou enfrentar.
Lutar com alguém
que se vê é difícil, quanto mais contra seres que não conseguimos naturalmente enxergar.
É preciso pois estar com os sentidos exercitados para discernir tanto o bem
como o mal. Hebreus 5:14 Pois somente o que é espiritual discerne bem tudo, e
ele de ninguém é discernido. 1 Coríntios 2:15.
Como sabemos o
inimigo veio para roubar, matar e destruir (João 10:10); semear contendas e
desunião entre as pessoas; alimentar a malícia e o mal no coração do homem;
provocar divisões, separações, intrigas, invejas, porfias, intrigas,
desavenças, inimizades. Provérbios 6:14.
O nosso adversário,
satanás, ruge ao derredor buscando alguém a quem possa tragar. Daí é preciso
estar sóbrio, atento e preparado, sujeitando-se tão somente a DEUS, e desta
maneira resistindo ao diabo firme na fé. 1 Pedro 5:8; Tiago 4:7
DEUS nos orienta
como alcançarmos a vitória.
O segredo para
vencer o mal e todas as astutas ciladas
do maligno está em nos revestirmos como bons soldados de Cristo de toda a
armadura de DEUS: o capacete da salvação, o escudo da fé, a couraça da justiça,
cingidos os lombos com a verdade e calçados os pés na preparação do Evangelho
da paz. Efésios 6:10 a 18. O uso desta armadura se aplica em nosso viver
diário.
Qual o caminho para contornar as crises de relacionamento? O que fazer então
quando constatar que alguém nos feriu, magoou, pisou o nosso pé e depois fingiu
que nada aconteceu? Que atitudes tomar diante de uma afronta de uma pessoa
contra nós?
A primeira reação, própria
da natureza humana, é alimentar o sentimento de vingança. “- Isso não vai ficar
assim, me aguarde”. A ameaça pode tomar corpo na mente e se tornar real e, na
primeira oportunidade, comer o prato frio da vingança.
Porém esse não deve
ser o caminho.
A Bíblia adverte
que de DEUS é a vingança e a recompensarei. A vingança é uma prerrogativa divina
e não uma reação humana. Deixe com DEUS, Ele cuidará disso. Hebreus 10:30;
Romanos 12:19.
Uma segunda atitude não recomendada é deixar brotar a raiz de amargura no coração. O escritor aos hebreus lembra o
cuidado de que ninguém se prive da graça de DEUS, e de que nenhuma raiz de
amargura, brotando, o perturbe, e por ela muitos se contaminem. Hebreus 12:15.
Passam anos e anos
remoendo a ofensa do inimigo. Perdoá-lo, jamais! Ele não merece o perdão. A
Bíblia aconselha: não deixe se por o sol sobre a sua ira; irai-vos mas não
pequeis (Efésios 4:26). “Eu perdoo mas não esqueço”, é o dilema de alguns. Esqueça,
simplesmente esqueça! Buscar o caminho do perdão ao invés do tenebroso do
reagir à afronta do outro, porque a ira do homem não opera a justiça de Deus.
Tiago 1:20.
Outra postura incoerente é
orar clamando a Deus por "justiça". De preferência uma “justiça” que venha
acompanhada de castigo considerando a pessoa de Deus um carrasco celestial a
punir que nos fez o mal. Esquecendo-se que Jeová Tsidkenu, “Justiça nossa”, em
Cristo se fez justiça não apenas por nós, mas por todos, inclusive daquele nos
fez o mal. Jeremias 23:4;
A quarta atitude, bíblica, e recomendável, é vencer o mal com o bem. Romanos 12:21. Vede que ninguém dê a outrem mal por
mal, mas segui sempre o bem, tanto uns para com os outros, como para com todos.
1 Tessalonicenses 5:15 Mas como?
Vejamos o exemplo de vida de
José. Foi rejeitado pelos irmãos, lançado numa cova e vendido como escravo. Gênesis
39.1. Passou por dificuldades a ponto de ser lançado injustamente na prisão por
conta de uma calúnia. Mas permaneceu em sua integridade. Gênesis 39.11-23. DEUS
muda a sua sorte, tirando-o da prisão e nomeando como um dos maiorais do Egito.
Gênesis 41:38-44.
José se reencontra com seus
irmãos e se deixar revelar em uma conversa íntima. Aquele momento poderia ter
sido usado para dar o troco e envergonhar os irmãos; ou como um momento de
demonstrar autopiedade, lamentando o que se passou por culpa dos seus próprios
familiares. Mas nada disso fez. Ele teve uma compreensão maior a respeito dos fatos
acontecidos e sofridos por ele e chegou a uma conclusão espetacular: DEUS
estava naquele negócio. Gênesis 45:3-5. E disse: o mal que vocês, meus irmãos,
intentarem fazer contra mim, DEUS transformou em bem, para a felicidade de
muitos. Gênesis 50:20.
Aprendemos com este exemplo
uma grande lição. A tentativa de alguém nos prejudicar pode ser usada como
combustível para vermos a ação e providência divina em nosso favor. Tudo
acontece na vida do cristão para glória de DEUS. E tudo tem um fim, um por quê.
Tudo aconteceu naquela
circunstância para benefício do povo hebreu que passaria dificuldades de
sobrevivência caso Jeová não tivesse colocado José naquela posição.
Conclusão
Se acaso alguém lhe
prejudicou, saiba, que sua luta não é contra a carne. Pode parecer difícil compreender e aceitar esta situação no
momento da dor, perdoar, mas depois vai descobrir com esta circunstância o plano, o agir
e a glória de DEUS na vida da Igreja Vencedora, cuja militância ilumina as
almas cegas pelo império das trevas (II Coríntios 4.4):
“O deus deste século cegou os
entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho
da glória de Cristo”, para que o evangelho não venha
a “lhes abrir os olhos e das trevas os converter à luz e do poder de Satanás a DEUS”,
a fim de que recebam “a remissão dos pecados e sorte entre os santificados pela
fé” (II Coríntios 4:4 e Atos 26:18)
Conforme Paulo ensinou, talvez
venhamos a sofrer aflições. Não como malfeitores desobedientes à Palavra, nem
como masoquistas espirituais, mas
como bons soldados de Jesus Cristo (II Timóteo 2:3), em tudo sendo passiveis de
ser atribulados: lutas por fora, temores por dentro (II Coríntios 7:5), a fim
de, sendo sóbrio em todas as coisas, suportar as aflições, cumprir o ministério
(II Timóteo 4:5), a favor do corpo de Cristo, que é a Igreja. Colossenses 1:24.
O apóstolo Paulo exortou que ninguém
que milita se embaraça com negócio desta vida, mas precisa lutar legitimamente,
a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra (II Timóteo 2:4).
Já estamos alistados para o
bom combate, a luta que vale a pena ser travada, desde que aceitamos a Cristo
como Salvador, quando DEUS nos resgatou do império das trevas para o Reino do
filho do Seu amor (Colossenses 1:13).
Referência bibliográfica
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Traduzida em português por João Ferreira de Almeida, com referências e algumas
variantes. Revista e Corrigida, Edição de 1995, Rio de Janeiro: CPAD, 1999.
LIMA, Elinaldo Renovato de. Aprendendo
Diariamente com Cristo. 1ª edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
WIERSBE, Warren W. A Crise de
Integridade. 2ª impressão. São Paulo: Editora Vida, 1999.
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