Crescendo na graça e no conhecimento

13 de janeiro de 2013

A Longa Seca Sobre Israel


A chuva é condição essencial para que a terra produza seu fruto. Chuvas temporãs e que ajudam a enternecer a terra para germinar a semente e as chuvas serôdias que servem também para sustentar a produção do fruto.
A escassez das chuvas regulares por um longo período produz o fenômeno da estiagem que limita a produção das lavouras.
A região Nordeste do Brasil é um exemplo clássico desta ocorrência.
Israel também passava por situações semelhantes. Hoje o processo de irrigação na Terra Santa é um exemplo de tecnologia que permite produzir em pleno deserto.
Mas à época do ministério do profeta Elias a situação era bem diferente, a dependência única de Deus fazia com que a lavoura fosse próspera ou não. Havia um fator decisivo que afetava a produção: a questão do pecado.
Conforme temos visto na história do reinado de Acabe, suas práticas idólatras levaram o seu povo a provocar a ira de Deus e assim o castigo inevitável aflora em meio a uma atitude de distanciamento de Deus.
O profeta Elias, conforme narra Tiago (5.17), era um homem sujeito às mesmas paixões que nós. O seu diferencial é que não se sujeitava às tais paixões e isto fez toda a diferença em sua vida. Em meio à crise espiritual do seu povo sob o mando de Acabe e a influência de Jezabel, Elias simplesmente recorreu à única alternativa de homens de Deus em meio a tais crises: Elias orou! E Elias orou a Deus para que o rumo fosse retomado e a única saída era orar para os céus se cerrarem e os céus se fecharam. Durante três anos e meio foi aplicada a disciplina divina por meio da falta de chuvas. O povo e seu rei precisavam aprender em meio a adversidade.
A disciplina divina serve para correção e não para morte. O justiçamento do homem para canalizar seus sentimentos de vingança não opera a justiça de Deus.
Porém, o poder da correção faz o torto se endireitar, faz o ímpio se converter, fax o caminho da verdade ser retomado quando o homem se encontra perdido. A dor da aflição da parte de Deus ensina sob medida a nos consertarmos e retomarmos o rumo da obediência à verdade.
Nestes períodos às vezes somos tentado a tentar nos socorrer no Egito como Israel normalmente fazia em tempos de estiagem quando os retirantes buscavam em terras estranhas a sobrevivência. Mas do Egito saímos. Alguém pode até dizer que quando não era um discípulo de Cristo as condições materiais eram mais confortáveis.
Paliativos não resolvem a situação ainda mais quando se está sob o juízo divino como no caso específico de Israel naquele período negro de idolatria e consequente desobediência a Deus.
A nação também passou por outros períodos semelhantes de estiagem em outras épocas. Mas esta veio a servir como agente de correção para a nação.
Conforme relata Samuel Schultz, “enquanto a fome perdurou em Israel, ocorreram repercussões drásticas, como as perseguições aos profetas contemporâneos de Elias, cujos cem deles foram refugiados por Obadias, servo de Acabe, e por ele sustentados com pão e água”.
Enquanto isto o próprio Jeová Jiré, o Deus da Providência, conforme o relato de I Reis 17, providenciara um abrigo junto às torrentes de Quireate, a fim de Elias não sentir falta de água. Assim também escreveu Flavio Josefo, historiador hebreu:

“Quanto à comida, alguns corvos traziam-lhe todos os dias o necessário ao seu sustento. Quando a torrente secou, ele, por ordem de Deus, a Zarefate, cidade situada entre Tiro e Sidom, à casa de uma viúva, que Deus revelou lhe daria alimento.” (Josefo, 2009, p. 414)

A situação se tornou caótica a ponto de afetar a sobrevivência dos animais:

"A carestia era tão grande e a falta das coisas necessárias à vida era tão extraordinária, que mesmo os cavalos e os outros animais não encontravam erva, pois a extrema seca tornou a terra árida.” (Josefo, 2009, p. 415)

Mesmo em meio a juízo a graça de Deus alcança os seus fieis, provendo-lhes alguma forma de escape. Mesmo em meio às perseguições e lutas por conta da fidelidade ao Senhor, Deus socorre os seus eleitos. Não evitam que passem pela estiagem, mas não lhes faltará o necessário, pão e água, provisão seja de forma individual ou coletiva. A maneira pertence ao Deus soberano.
Assim, depois de três anos e meio Elias torna a orar ao Senhor suplicando-lhe por chuvas. Seu assistente a princípio não consegue enxergar a aproximação das chuvas. Mas mensagem de profeta autêntico é assim mesmo. Provoca desdém quando antevê escassez em meio à fartura, e gera ceticismo quando prevê a fartura em meio à escassez.  Por isso são chamados profetas. E assim Elias orou e Deus mandou a chuva.
A natureza serve como meio de revelar ao homem a divindade e eterno poder do Senhor:

“Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;” Romanos 1:19-20

O pior de todas as secas no entanto é a seca espiritual. Quando se torna escassa a mensagem profética no meio do povo à exemplo do período inter-bíblico, um silêncio profético de 400 anos. Também podemos citar o período anterior ao exercício do ministério profético de Samuel quando a manifestação da Palavra de Deus era mui rara e as visões pouco frequentes (I Sm. 3.1)
Somente o Senhor pode abrir fontes no deserto e mananciais de águas em lugares secos (Isaías 41.18;49.10), mediante o meu humilhar, orar e buscar a Deus, a fim de que perdoe os meus pecados e sare a minha terra. (2 Cr. 7.14)
Desta maneira podemos notar que Deus não tem o culpado por inocente e aponta-lhe o caminho do arrependimento através da disciplina, neste caso, pelo sua ação nos dos fenômenos da natureza. A dureza de coração por sua vez conduz ao caminho do juízo e da morte como ocorreu à casa de Acabe.

Referências Bibliográficas:
JOSEFO, Flavio. Historia dos Hebreus. 8ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004;
SCHULZ, Samuel J. A História de Israel no Antigo Testamento. São Paulo: Edições Vida Nova, 1990.

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Lições 4.o Trimestre 2013

Lições 4.o Trimestre 2013
Conselhos para a vida

Lição 1 - O Valor dos Bons Conselhos
Lição 2 - Advertências Contra o Adultério
Lição 3 - Trabalho e Prosperidade
Lição 4 - Lidando de Forma Correta com o Dinheiro
Lição 5 - O Cuidado com Aquilo que Falamos
Lição 6 - O Exemplo Pessoal na Educação dos Filhos
Lição 7 - Contrapondo a Arrogância Com a Humildade
Lição 8 - A Mulher Virtuosa
Lição 9 - O Tempo para Todas as Coisas
Lição 10 - Cumprindo as Obrigações Diante de Deus
Lição 11 - A Ilusória Prosperidade dos Ímpios
Lição 12 - Lança o teu Pão Sobre as Águas
Lição 13 - Tema a Deus em todo o Tempo

Comentarista:

José Gonçalves - Pastor, Professor de Teologia, Escritor e Vice-presidente da Comissão deApologética da CGADB; Comentarista das revistas de Escola Dominical da CPAD.

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