Crescendo na graça e no conhecimento

6 de janeiro de 2013

ELIAS, O TISBITA - O PROFETA ELIAS


INTRODUÇÃO

A figura do profeta Elias surge em meio a uma crise espiritual sem precedentes na história do Reino de Israel. O rei Acabe contrai matrimônio com uma estranha adoradora de Baal e dela sofre influência a ponto de mergulhar de vez na idolatria, trazendo consequências funestas tanto para si quanto para o seu povo.
Elias então entra em cena. De origem praticamente desconhecida (sabe-se apenas que ele era natural de um pequeno lugarejo, Tisbe), o seu porte o identifica como alguém diferente dos demais. Sobretudo porque porta, como homem algum até então, uma mensagem que bate de frente com as posições reais, levantando-se como um nabi, profeta do Senhor.
Alguns termos bíblicos definem o ofício de profeta. Primeiramente podemos citar a expressão “homem de Deus”, que quer dizer “mais intimamente ligado a Deus do que os outros homens”. Tinha uma característica especial de operar milagres.
Também tem o sentido de vidente ou visionário (ro’eh e hozeh). Conforme Davidson, “a "visão" do profeta resulta exclusivamente dum dom sobrenatural, independente da vontade do mesmo profeta, pois o objeto dessa visão é revelado por Deus.”
O termo mais usual para designar o profeta (nabî’) é citado cerca de 315 vezes no AT e tem origem no verbo nb’, embora com sentidos bem distintos como “profetizar”, atuar, ficar frenético, dançar ritualmente.
Este último termo designa a pessoa escolhida por Deus como porta-voz da Sua mensagem aos homens quanto à realização do presente e uma visão para o futuro.

VOCAÇÃO MINISTERIAL
Vocação, vem do latim vocare, ato de chamar ou invocar, intimação. A vocação eclesiástica parte primeiramente da vontade soberana de Deus que chama, separa e comissiona, conforme podemos tomar como exemplo o chamado do próprio Jeremias:
"Assim veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta." Jer. 1.4-5.
Convocação de Deus
A princípio, atônito, Jeremias tenta argumentar, imagine, com o próprio Deus, tentando fugir do chamado. Semelhante a Jonas, porém com diferença de postura: Jonas ouviu o chamado: levanta-te, no sentido original, dispõe-te! Mas não deu ouvidos, fugiu! Tinha ele suas razões. Mas, o arrazoar do homem não muda a condição da necessidade do atendimento ao chamado, muito embora seja passível de ser ignorado. Não gosto muito desta expressão, mas a verdade é que paga-se o preço. Resistir ao chamado, nada mais doloroso é na vida do vocacionado; sofrer por atender ao chamado é melhor do que sofrer por não atendê-lo.

O lado de Deus diz: E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro mestres, depois operadores de milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas.I Co 12.28. Vocação invariavelmente acompanhada dos devidos dons ministeriais.
O lado do homem diz: - Eis-me aqui, Senhor, envia-me a mim! (Isaías 6.8) Ou obstinadamente diz: não, não vou, não posso, não passo de uma criança (Jeremias 1.6), não sei falar, sou pesado de língua (Êxodo 4.10); sou o menor na casa de meu pai (Juízes 6.15).
Existe também o lado do anelo do homem, cada vez mais raros, em exercer o ministério: Quem deseja o episcopado, excelente obra deseja (I Timóteo 3.1), incentivou Paulo! Mas nem todos podem receber esta palavra.
O filho do pastor necessariamente não deve e nem pode ser cobrado a acompanhar os passos do pai, se para isso não foi chamado por Deus. Muito menos as exigências podem ser maiores sobre eles por simplesmente serem filhos do sacerdote. Muito menos pode ser “ungido” pelo “paistor” simplesmente para se manter na hierarquia eclesiástica, muito embora também podem ser alvo da convocação divina, que também os prepara e comissiona, como os demais.
As riquezas por sua vez podem até comprar título e cargos, amizades, facilidades ministeriais, posições na estrutura de governo humana da organização, mas não conquistam a posição que vem da chamada e da unção de Deus. E muitos podem ter seus ministérios retardados, esquecidos ou não descobertos simplesmente porque não se usou do costume da igreja de orar antes de separa alguém para a obra do ministério.
Saudades das manhãs, tardes missionárias, vigílias despretensiosas que incendiavam corações com o fogo vivo da chama do Espírito igualmente a iluminar de forma clara os caminhos do homem a fim de atentar ao desejo de Deus em sua intimação do amor que nos constrange, nos motiva, nos deixa sem saída.
Vale lembrar que todos nós cristãos somos vocacionados. Não fostes vós que escolhestes a mim, mas eu que escolhi a vós (João 15.16), disse Jesus.
Mas, então, qual o sentido da chamada? Chamados fomos para sofrer, para alcançar degraus na hierarquia da igreja, para receber o título pomposo, para sair rumo afora sem destino, sem pousada? Os vocacionados são vocacionados, a exemplo de Jeremias, “para arrancar, e para derrubar, e para destruir, e para arruinar; e também para edificares e para plantares” (Jeremias 1.5). Como Elias, somos chamados para enfrentar os profetas de baal dos dias atuais, eles continuam os mesmos. E nós precisamos ser os mesmos.
Somos chamados para ir ao mundo e dar frutos (João 15.16); para anunciar as virtudes daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (I Pedro 2.9); para anunciar o ano aceitável do Senhor (Lucas 4.19); para pregar o evangelho, as boas novas (Atos 13.32); para desconstruir estruturas psicológicas, emocionais montadas em valores passageiros e ativar o processo de reconstrução, removendo os entulhos do pecado, e construindo uma nova casa edificada sobre a rocha, que não cede aos ventos, mas serve de abrigo para ministrar as palavras de esperança de Jesus Cristo aos desconsolados, os desesperançados, os cansados, e assim cumprindo e dando sentido ao chamado de Deus.
Os verdadeiros Profetas são mensageiros de Deus que andam na contramão da história, normalmente para apontar os erros (e acertos) do presente, as consequências no futuro e a esperança pelo retorno ao caminho planejado por Deus.
O profeta chora quando todos sorriem; e sorri ao vislumbrar a saída quando todos consideram que não há mais saída.
Andar na contramão é alertar que estiver fora do propósito divino e confrontar a verdade de Deus às suas práticas nada louváveis. Assim, reis, sacerdotes e profetas coniventes com o erro induzem o povo a pecar e estimulam a continuação no erro.
Assim, o povo continua sua vidinha mais ou menos, sacrificando nos altos e nos montes, e ainda tendo prazer em mencionar o nome do Senhor e de se achar povo Seu.
Elias foi um destes profetas autênticos. Não exortava mal por deboche, arrogância ou pirraça; falava não porque queria falar; profetizava quando porque fora vocacionado por Deus à profetizar. Certa ocasião escutei um pregador que disse que Deus lhe deu duas opções: ser um pregador ou um grande empresário. Adivinha qual foi a sua escolha?
Mas muitos são os que ouviram a doce voz do dono da seara e partiram além fronteiras para atender ao chamado, à exemplo de Eliseu que queimou os arados no fogo e partiu para cumprir a sua vocação. Assim ainda temos homens e mulheres valorosos que deixaram a segurança e conforto do lar, do emprego, da empresa, da cultura, do seu país, e foram alcançqar os confins da terra levando a preciosa semente, embora gemendo e chorando, mas trazendo consigo os seus molhos. Glórias a Deus !
Profeta não tem opções. Era pregar ou pregar. Elias fora escolhido, separado, comissionado. Não adiantaria estrebuchar; como um tipo de João Batista, sofredor, solitário no deserto, profeta de Deus, um homem de Deus, e isso nos basta.

Sem Profecia, o Povo se Corrompe
Onde não há profecia, o povo se corrompe. Prov. 29.18
A razão de haverem profetas e profecias é simplesmente por que as pessoas precisam da mensagem de amor de Deus para deixarem os caminhos tortos ou continuarem andando no caminho certo. Os segredos do coração se tornam manifestos, levando ao arrependimento e a consequente adoração (João 4.16 a 24; I Co. 14.19-26)
Sem profecias, o povo de Deus se corrompeu. Os reis, inicialmente de Israel e, em seguida de Judá, deram ouvidos aos falsos profetas da “paz, paz”(Jer. 6.14; 8.11), quando não há possibilidade para a paz.
Hoje algumas mensagens proféticas não diferem muito dos tempos de Jeremias: bênçãos, vitórias, “receba, receba, receba!”, mensagens que curam superficialmente a ferida do povo.
Poucas vezes ouvimos duros discursos. As pregações de uma maneira geral se tornaram garapa de açúcar ao invés de ser ministrado o remédio, embora amargo, mas que cura o doente.

CONCLUSÃO
Nos dias de Elias, as pessoas subiam aos altos e bosques, queimavam incenso a deuses estranhos, a baal, deixando os caminhos do Senhor, porém chegou a hora do ultimato, Elias trazia consigo a mensagem de correção do amor de Deus para com o Seu povo. A mensagem de Elias consistia basicamente em retratar o estado crítico do relacionamento do povo de Israel  com o seu Deus, através das escolhas do seu líder, o rei,  e os impedimentos a este relacionamento devido às práticas abomináveis ao Senhor e que lhes levaria a um castigo iminente. Mas havia também no reino aqueles que não se curvavam perante baal, e que assim o Senhor nos conserve, de joelhos diante Dele, e de pé diante dos profetas de baal, para que todos reconheçam que só o Senhor é Deus.

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Lições 4.o Trimestre 2013

Lições 4.o Trimestre 2013
Conselhos para a vida

Lição 1 - O Valor dos Bons Conselhos
Lição 2 - Advertências Contra o Adultério
Lição 3 - Trabalho e Prosperidade
Lição 4 - Lidando de Forma Correta com o Dinheiro
Lição 5 - O Cuidado com Aquilo que Falamos
Lição 6 - O Exemplo Pessoal na Educação dos Filhos
Lição 7 - Contrapondo a Arrogância Com a Humildade
Lição 8 - A Mulher Virtuosa
Lição 9 - O Tempo para Todas as Coisas
Lição 10 - Cumprindo as Obrigações Diante de Deus
Lição 11 - A Ilusória Prosperidade dos Ímpios
Lição 12 - Lança o teu Pão Sobre as Águas
Lição 13 - Tema a Deus em todo o Tempo

Comentarista:

José Gonçalves - Pastor, Professor de Teologia, Escritor e Vice-presidente da Comissão deApologética da CGADB; Comentarista das revistas de Escola Dominical da CPAD.

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