Crescendo na graça e no conhecimento

2 de março de 2013

ELIAS NO MONTE DA TRANSFIGURAÇÃO


Naquele dia por algum motivo apenas quatro pessoas compareceram ao Culto de Oração.
Uma frequência bem pequena. Assim como no Culto Matutino, nas consagrações, círculos de oração, é quase sempre assim. Na verdade Deus chama a todos nós para orarmos sempre. Mas reserva momentos momentos especiais quando apenas uns poucos chamados são agraciados com Sua revelação.

Deus não tem prediletos, mas tem chamado cada em particular para se revelar de maneira pessoal, especial e única. Este grau de intimidade também depende do quanto nos aproximamos Dele, queremos estar com Ele, oramos, meditamos em Sua palavra e, acima de tudo, O amamos.

Aquele culto aconteceu em um monte, mas poderia ser em casa, no templo, pois qualquer lugar é lugar para buscar ao Senhor. O dirigente do culto, Jesus Cristo, convida mais três, Pedro Tiago e João, para se reunirem em oração:

E aconteceu que, quase oito dias depois destas palavras, [Jesus] tomou consigo a Pedro, a João e a Tiago, e subiu ao monte a orar. Lucas 9:28.
Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte.  Mateus 17:1

Começaram a vigília quando em meio à oração algo sobrenatural ocorreu:

E, estando ele orando, transfigurou-se a aparência do seu rosto [de Jesus], e a sua roupa ficou branca e mui resplandecente. Lucas 9:29

A razão daquela reunião era a busca ao Senhor. A resposta de Deus em sua muliforme graça foi se revelar de maneira sobrenatural em meio a um singelo momento de oração, sem programação humana, sem manipulação, sem a intenção de buscar uma experiência mística.  Os apóstolos não foram buscar esta manifestação, mas foram assim agraciados.

Jesus se revela, em uma espécie de metamorfose, como o Deus verdadeiro na plenitude da Sua glória da qual se esvaziou tomando forma de homem para viver como um de nós, sem jactanciar-se de que era o filho de Deus, mas humilhou-se a si mesmo tomando forma de homem e sendo obediente até a morte e morte de cruz.  (Filipenses 2.8)

E eis que estavam falando com ele dois homens, que eram Moisés e Elias, os quais apareceram com glória, e falavam da sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém.

Um ponto de difícil interpretação surge nesta narrativa. Quem seriam de fato aquelas personagens? O próprio Elias, Moisés, seres angelicais, ou um tipo?

A teologia nos ensina que a interpretação bíblica pode ser literal, direta ou figurada, alegórica.  Quando Jesus disse “Eu sou a porta” notadamente ele falava de maneira figurada. Assim dentro do sentido deste texto, a maioria dos estudiosos apontam para estas duas figuras de Elias e Moises como um exemplo de tipologia bíblica.

Moisés seria um tipo representando a antiga aliança, o Antigo Testamento; e Elias representa os profetas.  Ambos, a lei e os profetas apontavam sempre para o Messias:

“Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas; Isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que crêem; porque não há diferença.” Romanos 3:21-22

Não se pode portanto desta maneira usar este trecho isolado como prova da reencarnação ou da oração pelos mortos.

O tema central deste diálogo apontava para a iminente partida do Senhor. Tão significativo quanto a visão da glória de Cristo era o atentar para a mensagem do diálogo entre os personagens que tratavam da perspectiva do porvir. Assim Jesus estaria cumprindo, consumando de maneira plena a sua missão na terra.  

Hoje, o foco principal da Igreja em sua mensagem e em todas as suas reuniões deve ser o encorajar, alertar e relembrar que o Senhor morreu, ressuscitou e vai voltar. O foco da Igreja é anunciar a bendita esperança da volta do mestre. E assim viver com esta esperança.

E aconteceu que, quando aqueles se apartaram dele, disse Pedro a Jesus: Mestre, bom é que nós estejamos aqui, e façamos três tendas: uma para ti, uma para Moisés, e uma para Elias, não sabendo o que dizia.

Tem cultos nos quais que sentimos de tal forma a presença do Senhor de modo sobrenatural, de modo extático, na manifestação de dons, profecias, palavra revelada, cânticos ungidos, enfim, um mover do Espírito tal que ficamos extasiados a ponto de nos sentirmos flutuando. Estes momentos particulares nos alegram de tal modo que desejamos que nunca se acabem. Foi o que ocorreu com os três amigos de Cristo. Pedro, contagiado com a manifestação da glória de Deu,s adorou ao Senhor dizendo que seria bom que permanecerem ali.

Mas aquele era um momento particular, um momento de revelação singular, não uma rotina, mas uma manifestação divina apontando para o alerta de que precisamos ter como foco principal o atentar, o ouvir a Palavra do Senhor:

E, dizendo ele isto, veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e, entrando eles na nuvem, temeram. E saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho; a ele ouvi.

Acima da revelação sobrenatural está a necessidade de ouvir a voz do Senhor. Obedecer a sua Palavra.
Aqui cabe lembrarmos que somos pentecostais e como tal cremos nas manifestações sobrenaturais do Senhor em Sua Igreja através da ação do Espírito Santo.

Com o passar do tempo talvez por falta de uma formação bíblica mais sólida, para alguns a inclinação para o sobrenatural foi tomando a primazia em lugar da Palavra.  As reuniões nas casas e nos montes foram se tornando mais importantes do que a oração na igreja, o estudo sistemático da palavra na EBD, o atentar ao ensino doutrinário do pastor.

Por outro lado, talvez com base na preocupação com a multiplicação das práticas consideradas “meninice”, a Igreja por sua vez incorreu em outro perigo. Limitar ou mesmo proibir a prática sincera da manifestação de suas revelações, profecias, e assim o culto pentecostal corre o perigo de ter uma liturgia engessada, sem espaço para o operar pleno do Espírito.

Estes são dois extremos que precisam ser evitados. Mas o Espírito faz como quer e Ele ainda opera de maneira sobrenatural em nosso meio.

Outro motivo para não ficarem para sempre no monte é que a obra na terra em favor dos homens ainda precisava continuar. Enquanto Pedro, Tiago e João estavam no monte, os outros discípulos enfrentavam a luta para libertar um jovem endemoninhado.

Os momentos de manifestação da glória de Deus nos servem para estarmos atentos para o que o Senhor nos fala a respeito do que fazermos em Sua obra. Quando desceram do monte da revelação se defrontaram com a dura realidade da vida.

Tem gente escravizada, precisando de Jesus, o Deus da glória que se revela em nossas vidas. Com objetivo não de atender a um desejo egoísta de um contato sobrenatural com Deus, mas como uma prova de que em nome do Senhor cheio da glória, vindo do céu, podemos libertar os cativos, curar os enfermos e proclamar o evangelho da salvação.  

Nenhum comentário:

Lições 4.o Trimestre 2013

Lições 4.o Trimestre 2013
Conselhos para a vida

Lição 1 - O Valor dos Bons Conselhos
Lição 2 - Advertências Contra o Adultério
Lição 3 - Trabalho e Prosperidade
Lição 4 - Lidando de Forma Correta com o Dinheiro
Lição 5 - O Cuidado com Aquilo que Falamos
Lição 6 - O Exemplo Pessoal na Educação dos Filhos
Lição 7 - Contrapondo a Arrogância Com a Humildade
Lição 8 - A Mulher Virtuosa
Lição 9 - O Tempo para Todas as Coisas
Lição 10 - Cumprindo as Obrigações Diante de Deus
Lição 11 - A Ilusória Prosperidade dos Ímpios
Lição 12 - Lança o teu Pão Sobre as Águas
Lição 13 - Tema a Deus em todo o Tempo

Comentarista:

José Gonçalves - Pastor, Professor de Teologia, Escritor e Vice-presidente da Comissão deApologética da CGADB; Comentarista das revistas de Escola Dominical da CPAD.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Entre em contato conosco


Se copiar algum texto, favor citar a fonte com o nome do autor e o link deste blog.