O jovem Daniel tinha uma vida devocional sistemática. Orava, vivia e meditava na Palavra de Deus. Em uma destas meditações, chegou a conclusão que o tempo da restauração da liberdade do cativeiro babilônico, os setenta anos previstos na profecia de Jeremias, estava por se cumprir:
“No ano primeiro de
Dario, filho de Assuero, da linhagem dos medos, o qual foi constituído rei
sobre o reino dos caldeus. no ano primeiro do seu reinado, eu, Daniel, entendi
pelos livros que o número de anos, de que falara o Senhor ao profeta Jeremias,
que haviam de durar as desolações de Jerusalém, era de setenta anos. Eu, pois,
dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com
jejum, e saco e cinza. “ Daniel 9.1-3.
Jeremias anunciou
profeticamente a destruição de Jerusalém. (Jeremias 6.1-26; cap. 21, etc.). Os
ouvidos surdos do povo e seu rei, porém, não lhe deram ouvidos. (Jeremias 22.5;
25.7 e 8) Mas a destruição decretada por Deus aconteceu. (Jeremias cap. 52;
39.1-10; 2 Reis 24.20; 2 Crônicas 36.10-21.)
O historiador hebreu Flávio Josefo no livro História dos Hebreus assim descreveu a rendição:
“Nabuconosor
apertava cada vez mais o cerco. Mandou construir altas torres, com as quais
sobrepassava as muralhas da cidade também grande quantidade de plataformas tão
altas quanto os muros. Os habitantes. Por sua vez, defendiam-se com todo o
empenho e com toda a coragem possível...
... Passaram-se
dezoito meses desse modo. Por fim, os sitiados, consumidos pela fome, pela
peste e pela quantidade de dardos que os inimigos lhes atiravam do alto das
torres, cederam e a cidade foi tomada pela meia noite do décimo primeiro ano,
no nono dia do quarto mês de do reinado de Zedequias.”
Miquéias anunciou profeticamente o exílio
na Babilônia e o retorno para casa:
E agora, por que
fazes tão grande pranto? Não há em ti rei? Pereceu o teu conselheiro, de modo
que se apoderaram de ti dores, como da que está de parto, sofre dores e
trabalha, ó filha de Sião, como a que está de parto; porque agora sairás da
cidade, e morarás no campo, e virás até Babilônia. Ali, porém serás livrada;
ali te remirá o Senhor da mão de teus inimigos. Miquéias 4. 9 e 10.
Mas a promessa do Senhor de restauração
também foi graciosamente vislumbrada pelo profeta:
Porque assim diz o
Senhor:
Certamente que
passados setenta anos em Babilônia, eu vos visitarei, e cumprirei sobre vós a
minha boa palavra, tornando a trazer-vos a este lugar. Pois eu bem sei os
planos que estou projetando para vós, diz o Senhor; planos de paz, e não de
mal, para vos dar um futuro e uma esperança. Então me invocareis, e ireis e orareis
a mim, e eu vos ouvirei. Buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de
todo o vosso coração. E serei achado de vós, diz o Senhor, e farei voltar os
vossos cativos, e congregar-vos-ei de todas as nações, e de todos os lugares
para onde vos lancei, diz o Senhor; e tornarei a trazer-vos ao lugar de onde
vos transportei. Jeremias 29.10-14.
Foram momentos de
dor, tempo de provações. Mas o perdão e a restauração estavam por vir. Ainda
havia uma esperança, o povo tornaria para o seu lugar. Havendo lugar para
humilhação e clamor. Glória a Deus!
II Crônicas 7.14 diz:
E se o meu povo, que
se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se
desviar dos seus maus caminhos, então eu ouvirei do céu, e perdoarei os seus
pecados, e sararei a sua terra.
Aproximando-se os
dias de cumprirem-se os setenta anos, Daniel, o jovem hebreu levado exilado
para a Babilônia, na primeira fase e cativeiro, em 605 a.C. (leia 2 Reis 24),
resolveu abrir, consultar, meditar, consultar, estudar os textos das
Escrituras. E concluiu que os dias estavam se findando e o cumprimento das
promessas viriam. E passou a orar. Leia Daniel cap. 09.
Daniel encontrou a Palavra,
interpretou a verdade e encarnou a verdade. Assumiu a postura de verdadeiro
intercessor que a Palavra de Deus vaticinava. As intercessões anteriores de
Jeremias não foram atendidas porque não era o tempo da restauração. Mas agora
sim, o tempo de Deus estava se cumprindo; era, portanto, chegada a momento
propício de orar e de a esperança ressurgir. Aleluia.
Assim Daniel
meditando na Palavra de Deus entendeu que precisava interceder diante de Deus,
identificando-se com os pecados do povo, confessando, rasgando suas vestes, reconhecendo
o mal que Judá cometera e clamar pela misericórdia de Deus, que o atendeu.
As promessas de
restauração estão sempre de pé, conforme Miquéias 4.10:
Sofre dores e
trabalha, ó filha de Sião, como a que está de parto; porque agora sairás da
cidade, e morarás no campo, e virás até Babilônia. Ali, porém serás livrada;
ali te remirá o Senhor da mão de teus inimigos.
O tempo de chorar
durou sete décadas. Leia o Salmo 137.
As harpas voltam a serem
tocadas, os lábios a sorrir, o ermo a florescer, e as casas tornam a ser
habitadas.
Ciro, rei dos
caldeus governante dos povos de então toma conhecimento das profecias de Isaías
e entende que fora levantado por Deus para reconstruir Israel e seu templo.
Cumprindo-se as promessas de Isaías, anunciadas cerca de 200 anos antes.
(Isaías 44.28; 45.32) edita o decreto de reconstrução de Jerusalém e do templo.
(Esdras 1.1-11; 2 Crônicas 36.22)
No primeiro ano de
Ciro, rei da Pérsia, para que se cumprisse a palavra do Senhor proferida pela
boca de Jeremias, despertou o Senhor o espírito de Ciro, rei da Pérsia, de modo
que ele fez proclamar por todo o seu reino, de viva voz e também por escrito,
este decreto:
Assim diz Ciro, rei
da Pérsia: O Senhor Deus do céu me deu todos os reinos da terra, e me
encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que é em Judá.
Quem há entre vós de
todo o seu povo (seja seu Deus com ele) suba para Jerusalém, que é em Judá, e
edifique a casa do Senhor, Deus de Israel; ele é o Deus que habita em
Jerusalém.” Esdras 1.1-3
Para isso fez-se
necessário a ação da intercessão.
Daniel foi um homem
que soube ler o seu tempo sob o prisma da Palavra de Deus. Compreendeu os
propósitos do Senhor para a sua geração e tomou uma atitude proativa,
colocando-se diante do Senhor em defesa do povo, identificando-se com as suas
transgressões e alcançando a mercê de Deus. Não colocou a Deus no canto de
parede. Porém chegou com ousadia ao trono da graça a fim de achar misericórdia
e encontrar graça para ocasião oportuna. (Hebreus 4.16.), suplicando pelo
cumprimento da promessa baseado na misericórdia e soberania de Jeová. Era o
tempo de Deus chegando e Daniel ficou na brecha em busca da graciosa
misericórdia de Deus que dura para sempre.
Concluo que preciso
orar como Daniel, ler a Palavra não como um romance épico ou um livro de
história ou ética. Preciso buscar e pedir a Deus a Sua sabedoria para entender
este tempo, contextualizando a Palavra de Deus, a fim de conhecer e alcançar os
propósitos divinos para minha geração. Amém.
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